Quarto Poder não é mais aquele

José Luiz Teixeira, Terra Magazine

“O 'Estadão' completa, neste fim de semana, 72 dois dias sob censura prévia. Foi-se o tempo em que um editorial desse jornal derrubava ministro. Hoje, ele é mais uma prova de que as autoridades já não se importam com o que diz a Imprensa.

Tanto é verdade que a Justiça está enrolando, deixando o tempo correr, sem dar logo uma solução para o processo que resultou na proibição de que o jornal publicasse notícias sobre investigações a respeito de Fernando Sarney.

Aliás, o próprio pai do rapaz, recentemente, foi alvo de denúncias diárias na mídia e nem por isso deixou a Presidência do Senado.

As reportagens contra ele, capazes de provocar um tsunami institucional em priscas eras, desta vez não ultrapassaram a linha do joelho do senador - foram apenas marolas, como diria 'o cara'.

Comecei a me dar conta desse processo de enfraquecimento da Imprensa, o outrora Quarto Poder, dia destes, quando fui matar a saudade dos tempos de repórter e visitar a Sala de Imprensa da Assembléia Legislativa de São Paulo.

Surpreso e decepcionado, descobri que os deputados estaduais haviam acabado com a Sala de Imprensa. Desmontaram, literalmente, a sala. Simples assim.

A Assembleia simplesmente 'deletou' um espaço que foi trincheira da resistência democrática - dali, Ulysses Guimarães, Franco Montoro, Lula e Leonel Brizola, entre outros, davam seu recado contra a ditadura.

Era uma espécie de território ficto dos cronistas parlamentares e da oposição. Para quem não sabe, território ficto é como uma embaixada, soberana dentro de seus limites - a diferença é que na nossa sala os políticos tiravam o chapéu ao entrar.

Acabaram com esse espaço e tudo ficou por isso mesmo. Está explicado porque se lê e se ouve tão pouco a respeito dos atos dos deputados estaduais de São Paulo. Obviamente, a intenção deles era exatamente esta: agir longe dos holofotes.”
Artigo Completo, ::Aqui::

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