Copenhague e o mito de Palamedes

Mauro Santayana, JB Online

“Palamedes é das personagens mais instigantes da mitologia grega. Rival de Ulysses e Diomedes na Guerra de Troia, a ele se atribuem as primeiras ideias sobre o futuro do homem. Sendo visto como homem – e não como o titã Prometeu – ele pode ser considerado o pioneiro do desenvolvimento científico e tecnológico. De acordo com o mito, a ele coube a invenção do alfabeto, do sistema de pesos e medidas, do jogo de dados, do hábito de se comer a horas certas, da técnica de cunhar moedas, da divisão do dia em horas – e outras coisas mais. Platão (República, livro VII, 522) o cita como inventor da aritmética, e lhe credita a sabedoria tática no cerco de Troia.

Se houvesse tempo para isso, e a Conferência de Copenhague contasse com a assessoria de filósofos, seria interessante voltar a Palamedes e a Prometeu, para o início das reflexões sobre a Terra e o destino próximo do homem. Os gregos, que descobriram todos os caminhos, foram cautelosos no emprego da tecnologia. Talvez por causa da consciência da efemeridade da vida, que Heródoto resume, ao dizer que “o homem é, em tudo, e por tudo, um objeto do acaso”, e que o saber é resultado do sofrimento.

As grandes conferências internacionais servem – e nisso são importantes – para a discussão dos problemas e a divulgação das ideias e propostas, mas raramente trazem resultados práticos. No caso do meio ambiente há razões para o ceticismo. Há 37 anos houve a Primeira Conferência sobre o Meio Ambiente, promovida pelas Nações Unidas, em Estocolmo – bem perto de Copenhague. As circunstâncias me fizeram presente ao encontro, como correspondente deste jornal. Outras reuniões, entre elas a do Rio, em 1992, e a de Kyoto, trouxeram muitas esperanças, mas as esperanças esmaeceram com o tempo. Agora, ao que parece, os Estados Unidos e a China estão dispostos a assumir compromissos – o que renova a promessa de algumas medidas.”
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