Tendências do cinema contemporâneo de ficção científica

Por Alfredo Suppia, Terra Magazine

"Distrito 9 (District 9), de Neill Blomkamp, é um dos filmes de ficção científica mais criativos e interessantes de 2009. Estreou nos EUA em agosto e no Brasil em outubro de 2009. Versão estendida do curta Alive in Joburg (2005), mockumentary escrito e dirigido pelo próprio Blomkamp e criado a partir de uma estratégia de deslocamento discursivo. Inicialmente escalado por Peter Jackson para dirigir Halo, Blomkamp teve a oportunidade de realizar Distrito 9 devido a impasse comercial relativo à adaptação em longa-metragem do famoso jogo para PC. Neill Blomkamp nasceu em 1979 em Johanesburgo, na África do Sul, e testemunhou o Apartheid em seu país, experiência que parece bastante influente no seu cinema, especialmente em Alive in Joburg e D9.

Distrito 9 foi rodado em câmera digital da marca Red e retoma a retórica documentária para estender o tratamento de um tema cada vez mais freqüente no cinema de ficção científica contemporâneo: a intolerância (racial, política, social ou de qualquer outra espécie). O título do filme foi inspirado no Distrito 6, uma área residencial na Cidade do Cabo que ficou conhecida por conta de 60 mil moradores que foram expulsos na década de 1970, durante o regime do Apartheid. Como em Alive em Joburg, D9 explora a problemática ligada à convivência inter-racial ou intercultural. Mistura de Cidade de Deus (2002), A Mosca (1986) e A Metamorfose (1915) de Kafka, D9 usa alienígenas como metáfora e retórica documental/televisiva para mostrar como o absurdo e o fantástico podem fazer parte da nossa realidade mais corriqueira.

Sem explicação aparente, uma gigantesca espaçonave estaciona sobre a cidade de Johanesburgo, África do Sul. Uma imensa população de alienígenas é encontrada no interior da nave, abandonada à própria sorte. Pressionados pela militância pró-direitos humanos (ou, neste caso, direitos alienígenas), a população extraterrena é abrigada no terreno sob a espaçonave. A área é isolada pelas autoridades, ganha o nome de Distrito 9 e rapidamente assume os contornos de uma favela. A população alien vive em condições subumanas (ou sub-alienígenas), em barracos permeados pela criminalidade e pela relação tempestuosa com a máfia nigeriana. Os ETs têm aparência artrópode ou insectóide e logo ganham o apelido de "camarões" (prawns). Durante vinte anos a espaçonave permanece estacionada sobre o Distrito 9, até que os freqüentes conflitos na região e pressões populares para a retirada dos alienígenas levam a autoridade local a optar pela recondução dos extraterrestres a uma nova área, o Distrito 10. Nesse panorama, Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley) é o funcionário da MUN (Multinational United: nesse futuro fictício, corporações privadas confundem-se com o Estado) encarregado de chefiar a recondução dos alienígenas, tendo de obter a assinatura de cada um deles. Apesar dos conflitos, tudo corre dentro do esperado até Wikus invadir o barraco do alienígena Christopher Johnson e ter contato com um artefato estranho.”
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