São Paulo e seu círculo de giz

Mauro Santayana, JB Online

“As notícias divulgadas e a análise de alguns jornalistas sobre a sucessão deixam, no leitor, a impressão de que o Brasil é refém do que se decidir em São Paulo. Assim, a disputa estaria entre o grande empresariado, que apoiaria Serra, e os trabalhadores que optariam por Dilma. O resto, como diria Ibrahim Sued, o astuto e bem pago louvador da grã-finagem deslumbrada, seria a periferia. A conclusão é apressada.

Nas especulações destas horas se fala na pressão dos partidos da base aliada do governo sobre Ciro Gomes, a fim de que ele se candidate a governador de São Paulo. Podemos dizer tudo sobre Ciro, mas seria estultícia imaginá-lo ingênuo. Desde a juventude, Ciro tem agido de acordo com os próprios objetivos e a sua forma de entender o Brasil e o mundo. Podemos discordar de suas ideias e de alguns de seus atos, mas é ocioso duvidar de sua inteligência. Essa inteligência, somada a fatores subjetivos mas legítimos (como a afinidade entre os coetâneos), levou-o a anunciar apoio à candidatura de Aécio Neves, em favor do qual desistiria de disputar a Presidência. Não tem por que, nesta altura, embarcar na aventura paulista. Ele sabe que, qualquer venha a ser o seu desempenho do primeiro turno, é melhor negociar a parceria, na segunda mão do jogo, com as cartas abertas, ou seja, com os votos obtidos que lhe permitam, provavelmente, decidir o pleito presidencial.

O quadro ainda não se encontra definido: as duas candidaturas, bem como a de Ciro, dependem das convenções partidárias, e elas costumam guardar surpresas. Como não podemos duvidar da inteligência de Ciro, seria de igual ingenuidade duvidar da inteligência de José Serra. Sua hesitação em assumir a candidatura à Presidência da República não se deve, como alguns apressados concluem, a um temperamento político bipolar. Ele não pode, ao aproximar-se dos 70 anos, correr o risco de ficar ao sereno durante quatro anos, pelo menos. Flores da Cunha, na irreverência da linguagem gauchesca, dizia que “político sem mandato é como rameira sem cama”. As últimas pesquisas – que tampouco podem ir além do momento em que se realizam – indicam que a candidata de Lula se encontra em ascensão e poderá cruzar-se com Serra em algum e próximo momento.”
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