Web e livre pensamento

Urariano Mota, Direto da Redação

"Nestes dias, tenho lido “Gabriel García Márquez – Uma Vida”, de Gerald Martin. Além do prazer de suas páginas, que revelam os vexatórios e verdadeiros dias do gênio de Gabriel, no livro mais de uma lição tenho aprendido. Para o objetivo desta coluna, interessa lembrar a lição do tipo de imprensa que forjou o caráter e talento de Gabriel García Márquez.

Nas páginas dos jornais de Cartagena e Barranquilla, cidades da costa da Colômbia, exercia-se a liberdade de imprensa, e de tal modo se exercia, que com mais propriedade mereceria o nome de liberdade de pensamento. Se querem uma divisão mecânica, digamos: os textos ali publicados eram livres na forma e no conteúdo. O que vale dizer: a potência da literatura invadia o jornalismo com toda sorte de armas, armadas e demônios. Isso dá na gente um espanto e uma pergunta ao mesmo tempo: como era possível tamanha liberdade? Penso que uma explicação reside no fato de que em uma província, afastada do domínio imediato da capital e do capital, o mudo todo estava por se fazer. E Gabriel e amigos intelectuais montaram ali o cavalo da oportunidade. E disseram, “aqui vamos, bandidos”.

Que diferença para a imprensa brasileira hoje. A gente não quer ser simplista, raso e rasteiro como um simplificador, mas a realidade autoriza. Ela, imprensa, é grossa como a piada mais chula. Notem que na grande mídia do capital, hoje, andam casados o maior reacionarismo político com a maior pobreza de idéias, com direito a uma amante, a mais miserável expressão da língua. Abra-se, por exemplo, um jornal de hoje. O leitor passa as folhas, envenena-se com alguns fatos, descrê de todos e joga o papel a um canto. Em menos de uma hora, não sabe o que leu, quando leu, e, até mesmo, se leu. Nada fica. Do papel à televisão, resta só a angústia do desperdício. Uma ressaca sem álcool.”
Artigo Completo, ::Aqui::

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