Mediocridade e caráter

Brasigois Felício, Revista Bula

“O homem comum é sem caráter porque é medíocre, ou o é medíocre por que não tem caráter? A rigor, não existe, neste termo, o malsinado “mau caráter”, que vive a empestear a atmosfera mental e emocional das pessoas normais, nas favelas, condomínios de luxo, de campos e cidades. O que existe é a criatura de caráter deformado.

A diferença entre o homem de gênio e o homem medíocre é de caráter. O primeiro o tem bem formado, e o segundo também o possui, mas deformado. Pelo ambiente, pela sagrada família, ou por si próprio. Uma pergunta não quer calar em mim: o destino de uma pessoa é construído por seu caráter, ou é seu bom ou mau caráter o autor de seu destino?

Assim como for o caráter, assim será o destino. O segundo é consequência do primeiro. Assim como existe a vocação do gênio, também há a vocação para a mediocridade. Para realizar a primeira é preciso talento, trabalho e vontade. Para sucumbir à segunda, basta sucumbir à inércia, e à lei da gravidade.

Em todos os segmentos da sociedade, e talvez principalmente no cenário onde pontificam escritores, professores pós-graduados, artistas e os deploráveis pseudos destes nichos, abundam casos de mediocridades que alcançaram a consagração dos prêmios, e o reconhecimento tanto de seus pares quanto das praças associadas.

Muitos são chamados a assumir, fazer que nasça e cresça a semente do gênio em si, mas não dão escuta, preferindo a comodidade de uma mediocridade premiada, ou tornada celebridade de verão. É o que assinala o psicólogo James Hillman, em seu livro “O Código do Ser” (Editora Objetiva): “Nós, da maioria mediana, também somos chamados, mas não seguimos a vocação por muitas razões: os pais inibem-na, os médicos diagnosticam-na, a pobreza estraga-a, ninguém a reconhece, a fé vacila, acontecem acidentes. A gente se acomoda, dá um jeito. A mediocridade de um sapato velho”.
Artigo Completo, ::Aqui::

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