Só com propaganda a imagem do agronegócio não vai mudar

Wilson da Costa Bueno, Portal IMPRENSA

“Os empresários do agronegócio brasileiro chegaram à conclusão (com um atraso de décadas) de que a atividade não desfruta de uma boa imagem junto à opinião pública e em particular junto a determinados públicos que a contemplam negativamente em virtude de notícias recorrentes sobre trabalho escravo, agressões ao meio ambiente ou sobre o lobby nefasto de bancadas no Congresso que visam sobretudo garantir privilégios a representantes do setor e a parlamentares em particular.

Esta constatação, que é verdadeira, foi debatida recentemente em congresso promovido pela ABAG e, a julgar pelo noticiário veiculado pela mídia (por exemplo, no suplemento agrícola do Estadão de 11 de agosto, página 8), as alternativas para resolver o problema não estão bem encaminhadas.

Os colegas do agronegócio julgam que poderão reverter o desconhecimento da população em relação às virtudes do setor (que são muitas) e também atenuar os preconceitos em relação a ele com marketing e propaganda. A reportagem do suplemento agrícola chega a falar (está no lead da matéria) em investimento de 30 milhões de reais para melhorar a imagem da agricultura brasileira.

Mas é essa mesmo a saída? Evidentemente que não, mas é fácil perceber de onde vêm as sugestões, encampadas por agências de propaganda e veículos, que estão já pensando em como avançar sobre a grana dos fazendeiros.

Propaganda e marketing apenas não vão conseguir mudar o panorama e, se fosse fácil assim, a imagem não seria tão ruim ou tão nebulosa, como se proclama, porque as empresas do agronegócio gastam uma grana preta em propaganda/marketing , subsidiam publicações e programas voltados para o meio rural, fazem promoções, concursos, ações múltiplas para convencer os públicos de sua responsabilidade social e de sua contribuição para a economia brasileira.

O problema não é fazer propaganda, mas praticar a transparência, buscar diálogo com os formadores de opinião, ouvir a população, conversar com o homem do campo, interagir com os que, na maioria das vezes com razão, têm restrições a posturas empresariais associadas a uma arrogância inadmissível.

As empresas do agronegócio, com raras exceções, exibem bocas enormes e orelhas microscópicas , praticam o falatório, o monólogo e se fecham em copas todas as vezes em que há assuntos controversos, avessas que são ao debate franco.”
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