Não vi e não gostei

Rafael Casé, Observatório da Imprensa / Envolverde

“Diz o bom senso que para se criticar um programa de TV é preciso assisti-lo. Mas, quando se trata de um programa como o Hipertensão, da Rede Globo, mando o bom senso às favas e me recuso a ver.

O que assisto nas chamadas, durante a programação, já me basta.

Fazer uma pessoa quase se afogar em um cubo de acrílico cheio de leite, fazer com que seres humanos comam uma pizza que, entre outros ingredientes desagradáveis, é recheada com vermes, baratas, minhocas e olho de peixe é algo inacreditável.

Será que é só o prêmio (R$ 500 mil) que faz com que essas 16 pessoas se submetam a este "circo dos horrores" em rede nacional? Ou a promessa dos tais 15 minutos de fama fala mais alto?

Segundo os sites que acompanham a programação da TV, o primeiro episódio, comandado pela apresentadora Glenda Kozlowski, alcançou 15 pontos de audiência, ou seja, cerca de 30% dos aparelhos ligados no horário. Não há, no entanto, um consenso entre esses próprios sites se esta audiência pode ser considerada boa ou não. Mas o certo é que existe uma fatia do público que acha interessante ver pessoas tentando, por exemplo, beber um tipo de vitamina que mistura banha e sangue.

Acho incrível o fato de uma pessoa se sentar numa poltrona, em frente a um aparelho de TV para ver outra sofrer. Trata-se de um coeficiente de sadismo que vai além da minha compreensão. Deve ser aquele mesmo motivo que leva motoristas a passarem devagarzinho no local de um acidente para ver os detalhes da tragédia. Ou aquele impulso de levantar o plástico preto para ver um defunto no meio da rua.

Pra que serve controle remoto?

Esta não é a primeira edição do programa e também este artigo não é a primeira crítica a ele. Em 2002, o jornal O Estado de S. Paulo questionou a validade de uma atração como esta e noticiou a iniciativa de um advogado e professor universitário paulista de entrar com um recurso no Ministério Público pedindo que fosse impedida a exibição de provas que atentassem contra a dignidade das pessoas. Na época, a TV Globo emitiu a seguinte nota, reproduzida pelo jornal: "O programa coloca os interessados em disputar suas provas frente a frente com seus medos e os desafia a superá-los, física e psicologicamente. A cada um deles é dada a possibilidade de desistir da realização das provas durante a gravação do programa."
Artigo Completo, ::Aqui::

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