Vende-se um escândalo

Ayrton Centeno, Brasília Confidencial

“É a pechincha do ano. Está à venda um excelente escândalo. Em ótimo estado de conservação, quase sem uso. Ótima procedência, garantia de fábrica com reconhecida reputação na produção de escândalos de diversas modalidades, com direito a holofotes e alarme, porque escândalo sem visibilidade e alvoroço não tem graça. Acompanha um reboque porque quem compra o escândalo leva mais dois, três ou quantos quiser. Desempenho assegurado em qualquer plataforma: rádio, jornal, TV. Penalizado com a mídia, que anda matando cachorro a grito, pegando qualquer coisa para mimetizar em escândalo, proponho esta oportunidade imperdível.

O escândalo fica um pouco fora de mão, no Rio Grande do Sul, mas vale a viagem. E o Brasil inteiro vai ficar de boca aberta para exclamar:

“Isto sim é que escândalo!”

Quem garante sua autenticidade é o Ministério Público Estadual. Não cavalga, portanto, palavra de ex-presidiário, estelionatário e receptador, um tipo de escândalo que anda por aí, convenhamos, de muito pouca classe. Já o escândalo gaúcho dispensa talento de ficcionista para ficar colando declarações aqui com fragmentos dali para tentar oferecer intelegibilidade às conspirações do aquário.

Além do mais, é um escândalo flex. Opera por todos os lados: Executivo, Legislativo, Judiciário. Acha pouco? Então adicione a Polícia, o Ministério Público e a Imprensa. E até a Aeronáutica! Escândalo multiuso, com tração 4×4, trafega em qualquer terreno.

Transita tanto pelas bordas do submundo do achaque e da proteção à contravenção quanto pelos salões palacianos onde o objetivo é violar sigilo e xeretar adversários políticos para garimpar, quem sabe, informações de alta octanagem eleitoral.

Neste escândalo, turbinado tanto pela propina quanto pela arapongagem, o Executivo desempenha o papel de algoz e todos os demais são, quase sempre, as vítimas. O vilão pode estar na periferia de Porto Alegre extorquindo donos de bingo ou no centro do poder estadual espionando as vidas de políticos, procuradores federais, promotores de justiça, delegados de polícia, militares, jornalistas, advogados e empresários.”
Artigo Completo, ::Aqui::

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