O preconceito contra as palavras

Rodolpho Motta Lima, Direto da Redação

“Anda circulando pelo noticário, com algumas idas e vindas em termos de definição, o que seria uma tentativa de censurar o livro “Caçadas de Pedrinho”, escrito em 1933, vetando-se sua leitura no âmbito do Ensino Fundamental, sob a alegação de que contém elementos racistas, particularmente vinculados à figura da personagem Tia Nastácia. O documento do Conselho Federal da Educação admite, como alternativa para a continuidade da adoção da obra, a condição de que o professor tenha “a compreensão dos processos históricos que geram o racismo no Brasil” , o que, convenhamos, é observação carregada de imensa subjetividade.

A título de exemplificação, uma das passagens arguidas como racistas dizia: “Tia Nastácia, esquecida de seus inúmeros reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão”.

O assunto envolve um ícone na história da nossa literatura infanto-juvenil, um verdadeiro clássico. Mais de uma geração – e eu pertenço a uma delas – cresceu lendo o grande escritor de Taubaté e apaixonando-se pelo mundo mágico do Picapau Amarelo, no qual um dos personagens mais encantadores era justamente a tia Nastácia, muitas vezes cúmplice ou confidente da garotada do Sítio e suas estrepolias, muitas vezes ingênua, muitas vezes sábia na sua ingenuidade... Foi pela “voz” de tia Nastácia que aprendi muito sobre os tipos representativos do nosso delicioso folclore.

É difícil não identificar essa postura do pessoal do CNE como uma manifestação aparentada com a censura. Procurando ser justo, prefiro atribuir esse grande equívoco à febre do “politicamente correto” que vem grassando no país, provavelmente influenciada, neste caso, por certas críticas que conferem a Lobato um posicionamento racista em livros que escreveu para o público ,adulto."
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