A Piauí tergiversando sobre o fim dos jornais

Julio Daio Borges, Digestivo Cultural

“Em agosto, numa entrevista para a CBN, João Moreira Salles anunciou uma matéria da Piauí sobre o fim dos jornais. O mês de setembro veio, e nada. A edição de aniversário da revista veio, em outubro, e uma chamada, que não era de capa, dizia: “Caro e chato: Branca Vianna investiga a crise do jornalismo investigativo”. Era isso? A matéria sobre o “fim dos jornais” era isso? Aparentemente era. E, lendo, era mesmo. João Moreira Salles teria errado no seu anúncio? Ou teria, então, sido mal compreendido? Na CBN – o áudio segue no ar – ele dizia: “A gente vai publicar uma matéria, no mês que vem [setembro], sobre o futuro do jornalismo. Quais são as tendências para o jornalismo, o que é que está acontecendo no jornalismo...”. (Não era jornalismo investigativo, era jornalismo mesmo.) Continuando com: “Todo mundo acha que... [o jornalismo] é uma profissão que começa a desaparecer. Do jeito como a conhecemos e, portanto, sem saber como ela será no futuro. É um momento em que seu velho mundo desapareceu e o novo mundo ainda não tem forma.” (De novo: jornalismo e, não, jornalismo investigativo.) Para concluir assim: “O que as pessoas dizem é que os Estados Unidos terão [só] um ou dois jornais nacionais. E a informação regional virá de sites e da internet. O papel desaparecerá.” Então, era sobre o fim dos jornais (e sobre o futuro” do jornalismo). Mas o que aconteceu, nesses dois meses, com a matéria da Piauí? Em primeiro lugar: no fim dessa mesma entrevista, João Moreira Salles admitia que o mesmo modelo insustentável, de publicidade, dos jornais, era adotado pela Piauí. E assumia – meio a contragosto – que isso comprometia o futuro da revista. Logo, uma primeira conclusão (para a mudança de rumo na matéria da Piauí) era a de que “falar sobre o fim dos jornais” (ou, se preferirem, “sobre o fim do jornalismo como o conhecemos”) soaria como um tiro no pé.”
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