Violência ou crime: seria apenas semântica?

Dal Marcondes, da Envolverde

“Nas páginas dos jornais, nas manchetes da TV e nas ondas do rádio sociólogos, jornalistas, professores, autoridades e o cidadão esbravejam em uníssono contra a violência. Mas o que é violência? Crianças sem alimento é violência. Pessoas sem renda é violência. Jovens sem educação é violência. É contra isto que todos esbravejam? Não! Na verdade o que todos querem é o fim do crime. Querem andar seguros pelas ruas, não ter seus lares violados, não ter seu patrimônio escalpelado por bandidos e corruptos. Mas isto é violência ou seria melhor descrito como crime?

Tratar os crimes, estes sim tipificados pelo código penal, por um termo genérico como violência apenas amplifica a sensação de insegurança da sociedade. É simples de se compreender: quando se diz vamos combater a violência, qual é a ação que deve acompanhar o desejo? De que violência se está falando? É uma frase sem significado. No entanto, quando nos referimos ao combate ao crime, este vem explicitado. Vamos combater o vandalismo urbano, vamos combater o tráfico de drogas, vamos combater o nepotismo, vamos identificar o objeto da ação e, com isto, torná-la possível.

Não é mais possível seguir em frente com estas generalidades. A sociedade apenas consegue resultados quando identifica o objeto de sua angústia e age diretamente sobre ele, sem rodeios, semânticos ou não. Precisamos de instrumentos fortes para combater o crime e cada tipo de crime tipificado no código penal brasileiro exige equipamentos, formação e objetividade própria. O policial que combate traficante precisa de apoio, equipamentos de inteligência e combate. O policial que atua com jovens precisa de capacitação, precisa compreender como agir e trabalhar em cenários de pobreza e não de crime. E por ai vai.

Não se combate a violência, se identifica, tipifica e atua-se contra o crime. Só assim a sociedade vai perder o medo e tornar-se capaz de atuar em defesa de seu modelo civilizatório.”

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