As palavras e o vento

Rodolpho Motta Lima, Direto da Redação

“São quatro discursos. De alguma forma, na minha cabeça, os quatro se interligam. Representam momentos que exigem reflexão , posturas e atitudes que requerem análise. Pela importância dos seus autores (atores?) , inscrevem-se nos anais da história, ainda que muitos, como os antigos lá atrás nos tempos, tenham desacreditado das palavras proferidas , que o vento levaria (“verba volant”).

O primeiro discurso remonta a um passado não tão longínquo e tem a ver com um dos momentos mais trágicos que a Humanidade experimentou na sua saga. Foi recentemente “reescrito” no belíssimo filme que conquistou algumas estatuetas na cerimônia do Oscar. O teor do discurso do rei George VI , por si só, já encerrava carga de dramaticidade suficiente: um libelo contra o nazifascismo, no momento em que, depois de algumas recalcitrâncias e indecisões que a história dos vencedores não conta (ou conta mal...) , a Inglaterra finalmente opôs-se militarmente a Hitler. Diante da tragédia coletiva, o filme põe em realce a pequena tragédia particular de um rei gago, para quem as palavras eram um martírio. A partir daí, o discurso que finalmente se produz é, a um tempo, o discurso da liberdade dos homens como um todo e daquele homem em particular. É, em meio à guerra então declarada, um discurso da superação, conquistada à custa de uma postura de dolorida abdicação da arrogância majestática, magistralmente desnudada pela finíssima ironia que constrói o personagem de um nada convencional terapeuta da fala.

Não sei se o mundo ou as pessoas ficaram melhores depois daquele discurso, ou em função das suas consequências . São tantas as contradições do homem em sua história de escravizador de si mesmo que considero que a derrota do Eixo foi apenas um capítulo, ainda muito longe do fim , dessa sequência de maldades e perversidades que vem marcando, desde sempre, os caminhos do homem no planeta.

O segundo discurso é o do imperador Akihito, diante das câmeras de TV, dirigindo-se aos japoneses em função da tríplice tragédia que atingiu o povo nipônico. Sendo um dos raros momentos em que rompeu o silêncio em que se mantém desde que assumiu o trono, ele traduziu a gravidade da situação por que passa o povo japonês (eu diria, a Humanidade como um todo). Lembrando , quem sabe, o pai Hiroíto, que muitos anos atrás fizera uma outra conclamação ao povo, pedindo-lhe que aceitasse a rendição, o atual imperador – que nem de longe tem, hoje, a ascendência ou a importância no cenário do Japão que antes possuíra o pai – tentou construir uma mensagem de esperança e solidariedade e pediu aos japoneses o esforço de uma nova reconstrução.”
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