Encontro com Kurt Cobain

André Forastieri, Digestivo Cultural

“Olhos mortos, dentes limosos, cabelo imundo, pele macilenta. Sovaco fedido e hálito pestilento. Kurt Cobain cheirava mal e parecia pior ― um tampinha insignificante e desagradável. Ei ― eu estava lá e é assim que eu lembro. Como aqueles correspondentes de guerra, Christiane Amanpour: “Testemunha Ocular da História”. Estou falando que Kurt Cobain era um merdinha e era.

Vocês jovens de hoje não sabem o que foi aquele período de trevas. O início dos anos 90 está para a semana passada como a peste negra para Botticcelli. Não existia internet nem TV paga nem MTV nem iPod. Para saber de música você lia jornal ou revista. Fazia o que eu fiz no dia em que completei 17 anos: pegar um ônibus em Piracicaba e ir até Campinas para comprar meu primeiro disco importado, The Name of This Band Is Talking Heads.

Essa era a minha vida e a de Kurt Cobain em 1993. Somos da mesma geração, eu mais velho dois anos, e igualmente caipiras ― perto de Olympia, Washington, Piracicaba é Paris. Sonhávamos igualmente em cair fora e ser alguém.

É o sonho do adolescente fã e quem não foi fã não entende. Colegas brucutus e meninas bestas nos tacham de malucos, nerds, otakus, esquisitos, sonhadores, obsessivos ― e somos, claro, e isso é bom, é fundamental e é a chave da vida.

Fanático por gibi, eu fantasiava em desenhar X-men para a Marvel. Louco por rock, eu sonhava em ser... jornalista. E consegui. Aos 27 anos todos os meus sonhos de rockstar já tinham se materializado. Eu era editor da única revista de música do Brasil que importava, a Bizz, cara, o único veículo nacional de rock, e isso era muito melhor que ser um pobre de um músico.”
Artigo Completo, ::Aqui::

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