Guerra antidrogas, plano perverso

Sexta-feira passada, 17 de junho, completaram-se 40 anos da declarada “guerra contra as drogas” encabeçada por Richard Nixon para combater “o inimigo público número um dos Estados Unidos que é o uso das drogas”

Salvador González Briceño, Alainet / Revista Fórum

Sexta-feira passada, 17 de junho, completaram-se 40 anos da declarada “guerra contra as drogas” encabeçada por Richard Nixon para combater “o inimigo público número um dos Estados Unidos que é o uso das drogas”. Desde então, até a presente data, somente como balanço, a maldita guerra redundou num fracasso em que nenhum dos objetivos foi alcançado.

Pelo contrário, milhões de homens e mulheres foram vítimas – “danos colaterais” – de tal decisão. Tanto pela oferta de opiáceos quanto pelo consumo que aumentou (ver Maniobra Del Poder, 3 de junho, onde se abordou o tema a partir do “informe da Comissão Global de Políticas de Drogas, junho de 2011”, e se fala das consequências “devastadoras para indivíduos e sociedades ao redor do mundo”, contra o qual se recomenda: “São necessárias reformas urgentes e fundamentais nas políticas de controle de drogas nacionais e mundiais” até alcançar um negócio de 320 bilhões de dólares, ou seja, 1% de todo o comércio mundial.

Segundo dados da ONU, de 1988 a 2008 o uso de drogas aumentou em 34,5%; a cocaína, em 27%; a maconha, em 8,5%. Somente este ano, entre 20 e 25 milhões de cidadãos estadunidenses usaram alguma droga ilícita, 10 milhões a mais que em 1970, e cada dia se somam 8 mil à conta fatal. Outro dado indica que os EUA destinam cerca de 15 bilhões para a “guerra contra as drogas”, mas cálculos conservadores afirmam que a cifra chega aos 40 bilhões.

Contudo, entre as máscaras oficiais, nos EUA se destaca a postura do czar antidrogas, Gil Kerlikowske, que diz preferir não usar o termo “guerra”, “porque não estamos em guerra contra nossa própria gente”. Mas nos EUA as cadeias estão cheias de jovens – quase 40 milhões – relacionados com drogas, que não precisamente são delinquentes, mas cometeram delitos não violentos por drogas. Por isso, “para afroestadunidenses e latinos, a guerra contra as drogas se percebe bem mais como uma guerra contra eles, contra a juventude negra. Com o aprisionamento como arma mais empregada nesta ‘guerra’”.

Fora isso, “as cifras comprovam: os Estados Unidos são o país com mais presos no mundo, com somente 5% da população mundial, têm 25% do total dos prisioneiros no planeta – aproximadamente 2,3 milhões, comparando com 300 mil em 1972... O ruidoso aumento da população encarcerada se deve em grande medida ao aumento na detenção de pessoas que cometeram delitos relacionados à drogas – em 1980 eram 41 mil destes, agora há mais de 500 mil (um aumento de 2.000%)”. (Dados do La Jornada, 17/junho/2011)”
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