A difícil arte de ser careta

Romeu Prisco, Direto da Redação

“Não sou da direita e nem da esquerda. Sou careta, agora publicamente assumido. No meu tempo de jovem e adolescente não era nada fácil ser careta, algo que nos dias atuais tornou-se praticamente impossível. Leva-se pedrada de todos os lados. A direita e as religiões mais sectárias não querem a regulamentação do aborto em termos menos inflexíveis ? Pois sou favorável. A esquerda não quer a privatização generalizada de atividades estatais ditas rentáveis ? Pois sou favorável.

Comecei a fumar muito cedo e larguei antes que fosse muito tarde. Não consegui ser suficientemente careta para recusar participar do tabagismo, porque fumar, então, era a marca registrada dos "machões" cinematográficos, verdadeiros ídolos. Felizmente, passei batido pela maconha. Drogas nem pensar. A mais conhecida era o LSD, cuja cor do comprimido sequer cheguei a conhecer. Anfetaminas e barbitúricos podiam ser livremente adquiridos nas farmácias e seus usuários, dos quais nunca fui um deles, ingeriam-nos juntamente com bebidas alcoólicas.

Coincidência, ou não, atualmente, a minha caretice se faz mais presente em situações defendidas com ênfase pela esquerda, geralmente relacionadas com os chamados "direitos humanos". Na verdade, muitas dessas situações também são encampadas pela direita. Acontece que a esquerda, quando contrariada por um careta, sempre se mostra mais agressiva, enquanto a direita se mostra mais tímida. Seja como for, para exercer a arte de ser careta é preciso ter coragem e estomago. Coragem por que o risco de ser havido por discriminativo ou preconceituoso é grande. Estomago para engolir cobras e lagartos despejados por quem discorda.

Pesquisa realizada pelo "Journal of Personality and Social Psychology", uma publicação da "American Psychological Association", chegou à conclusão de que, na troca de mensagens e bate-papos via internet, a possibilidade de os leitores entenderem corretamente os dizeres dos seus interlocutores é de apenas 50%. Entretanto, tal possibilidade não se aplica somente às mensagens e bate-papos, mas, igualmente, aos artigos, crônicas, ensaios, obras didáticas e literárias. Obviamente, os textos produzidos pelos caretas não estão fora desse índice. A mesma pesquisa ainda revelou a seguinte curiosidade: 90% dos leitores desses escritos acham que os entenderam perfeitamente.”
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