Pelo direito de ser puta, e deixar de ser


Carolina Mendes, Revista Bula

“Ah, essas lindas que povoam o imaginário masculino, e despertam a inveja feminina. Mulheres de curvas sinuosas, sorriso malicioso, cabelão loiro, pele bronzeada, seios apetitosos. Ah, como eu queria ser uma delas. Trocaria qualquer suposto dom literário que eu tenha, pelo corpo da Eva Mendes. Nunca teria lido os livros que eu li, nunca teria ido ao show da Cesária Évora, nunca teria chorado com rejeições. Saberia ler Caras, escrever SMSs lascivos e sorrir libidinosamente em jantares românticos.

Pelo menos é assim que eu imagino que seria.

Claro, não comeria jamón pata negra, ou beberia cerveja com os amigos no bar quatro vezes por semana. Não dormiria até as10 da manhã e não faria siesta depois de comer. Teria uma rotina de dieta e exercícios, os prazeres dionisíacos limitados e o mundo aos meus pés.

Pelo menos é assim que eu suponho que seria ser gostosa. Que a vida seria um eterno ciclo de amores, viagens para Paris, joias de presente, homens e pele impecável. Gostaria de ressaltar, que estou comendo um belíssimo prato de macarrão e bebendo vinho, enquanto escrevo.

Mas aí eu ligo a televisão e vejo essas moças que eu suponho que podem tudo, fazendo coisas que não refletem esse poder todo. E vem o problema: onde é que está o erro? Onde a coisa se perde e se afasta da realidade que eu inventei? Essa invenção que me faz não comer um segundo prato na esperança de um dia ter uma fração do poder que eu imagino que elas têm?

Sério, porque gostosas ainda não tomaram o poder? Elas estão por toda parte, elas conseguem a grande maioria das coisas que querem, elas não são burras como a gente gostaria de acreditar que são. Ou são?”
Artigo Completo, ::Aqui::

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