“Assim como há escolas e cursos para
aprender, deveria também existir para ensinar a desaprender
Frei Betto, Adital
Apresentou-se à porta do convento um médico
interessado em tornar-se frade. O prior encarregou o mestre de noviços de
atendê-lo.
― Caro doutor – disse o mestre – o prior
envia-lhe esta lista de perguntas. Pede que tenha a bondade de respondê-las de
acordo com os seus doutos conhecimentos.
O jovem médico, acomodado no parlatório,
tratou de preencher o questionário. Em menos de uma hora devolveu-o ao mestre.
Este
levou o papel ao prior e retornou quinze
minutos depois:
― O prior reconhece que o senhor demonstra
grande conhecimento e erudição. Suas respostas são brilhantes. Por isso pede
que retorne ao convento dentro de um ano.
O médico estampou uma expressão de
desapontamento:
― Ora, se respondi corretamente todas as
questões – objetou – por que retornar dentro de um ano? E se eu tivesse dado
respostas equivocadas, o que teria sucedido?
― O senhor teria sido aceito imediatamente
e, na próxima semana, já estaria entre os noviços.
― Então, por que devo retornar em um ano?
― É o prazo que o prior considera adequado
para que o senhor possa desaprender conhecimentos inúteis.
― Desaprender? – surpreendeu-se o médico.
― Sim, desaprender. Entrar na vida
espiritual é como empreender uma viagem: quanto mais pesada a bagagem, mais
lentamente se cobre o percurso. Na sua há demasiadas coisas substantivamente
inúteis.”
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