Rodolpho Motta Lima, Direto da Redação
“Andei comentando, nas últimas colunas, o
assunto Educação, mas de uma forma indireta, a partir de aspectos como
consumismo e violência que, a meu ver, são componentes da sociedade em que vivo
e estão interferindo na formação dos nossos jovens. O artigo sobre violência
mereceu algumas críticas, que não discuto, de pessoas cujo pensamento aprendi a
respeitar. Paciência. É da própria democracia o contraditório e nunca me
julguei dono da verdade. Apenas traduzi o que senti e muito do que percebo como
professor em escolas da classe média do Rio de Janeiro. Mas volto agora ao tema
do ensino, para falar de um dos principais atores no ambiente escolar: o
professor.
Qualquer que seja o panorama desejável para
a Educação brasileira, fixem-se as metas que se fixarem a partir do
estabelecimento de novos princípios pedagógicos, terá que estar sempre bem
claramente definido o papel do professor e suas atividades em sala de aula,
como elemento propulsor na formação do educando.
O professor sempre foi visto como o
detentor do conhecimento, aquele a quem cumpria iluminar as mentes através da
transmissão de informações, ensinamentos, saberes enfim. Vem tendo
sempre, por isso, ao longo dos tempos, o reconhecimento e a admiração das
sociedades em função da nobreza de sua missão, embora esse sentimento quase
nunca se materialize na retribuição de condições dignas de trabalho e de
salário. Muitas vezes, o “tapinha nas costas” ajuda a levar adiante
a sua saga e essa massagem no ego, que o compara a um sacerdote, contribui para
a manutenção de conjunturas profissionalmente adversas, para não dizer
perversas. Falar, pois, sobre o caminho a percorrer para que o professor seja
profissionalmente valorizado como deve é correr o risco de dissertar sobre o
óbvio.
Mas o que mudou, o que está mudando a olhos
vistos, são as bases para o exercício da profissão, no plano ideológico. Paulo
Freire nos dizia que “se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem
ela tampouco a sociedade muda”. E hoje, mais do que nunca, em uma sala de aula
brasileira, não cabe mais a convocação do aluno se não for para torná-lo
participante de um coletivo voltado para a produção de um saber capaz de
transformar, de promover mudanças. Não se pretende mais um aluno
passivamente recebedor de instruções, mas um ser que, com necessidades
inadiáveis a serem atendidas, torne-se ativo construtor da sua própria
história. É óbvia a importância do professor nesse processo, e agora não mais
como mero transferidor de conhecimentos, mas como mediador de uma construção de
saberes integrados.”
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