Leila Cordeiro, Direto da Redação
“Depois dizem que não dá para morar no Rio
por causa da violência. Porque no Rio não se pode andar nas ruas,
porque no Rio os arrastões pegam todo mundo em túneis e avenidas, porque no Rio
as balas perdidas atingem inocentes a toda hora. Tudo bem, ninguém
discute. Mas não dá para esconder que a violência em São Paulo está igual ou
pior que a carioca.
Pelo andar dos acontecimentos a terra da
Garoa está fazendo jus ao nome de suas principais vias de acesso à cidade
chamadas de Marginais, quando o assunto é criminalidade. A quantidade de
ocorrências policiais é tanta que chega a não caber nas primeiras páginas de
sites e jornais de papel. São tantos e tão diferentes os tipos de crimes que
deixam qualquer um com medo de andar pelas ruas da maior metrópole da América
Latina.
Em agosto último, estava eu aguardando a
mala na esteira do aeroporto internacional de São Paulo, quando fui
abordada por um senhor de cabeça branca que me perguntou qual tipo de relógio
eu estava usando e se portava bolsa ou bagagem que chamasse a atenção com
laptop dentro. Respondi que não, que não estava usando nada “de
marca” como o pessoal costuma dizer no Brasil.
O tal senhor pediu-me desculpas pela
abordagem, mas que, ao me reconhecer e sabendo que moro fora do Brasil,
sentiu-se na obrigação de me avisar de um novo golpe na praça.
Ele contou-me que andava a pé em uma
rua movimentada dos Jardins, quando um homem se aproximou, sorridente, e
deu-lhe um abraço como só grandes amigos se dão. Nesse abraço, ele já sentiu o
cano de uma arma em suas costas, enquanto o “amigo” sorria e lhe dizia
entredentes para sorrir também e fingir que o conhecia. A cena durou menos de
um minuto, e o “amigo” saiu levando carteira, relógio e a bolsa com
o laptop. E ainda se despediu sorrindo e falando “aparece lá em casa”.
Esse é apenas mais um golpe entre tantos
que os paulistanos e inocentes turistas têm que enfrentar no dia a dia violento
e perigoso nas ruas da capital paulista. Que o diga o turista francês, agredido
sem nenhuma razão na tradicional Rua Augusta.”
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