Dá pra raciocinar usando Chanel?


Carolina Mendes, Revista Bula

“Começou com a Clara Averbuck, uns 10 dias atrás, comentando que um sujeito afirmou que "mulher bonita não tem que ser inteligente".

E eu fiquei pensando sobre pensamentos dicótomos mas não opostos. Ser alto impossibilita ser baixo. A gente por aqui tem essa mania de achar que uma característica elimina outra. Exemplo, marxista rico, modelo inteligente, ninfomaníaca fiel, atleta intelectual, vegetariano gordo.

Seguimos. Não sei se é algo acompanhado pelo grande Brasil, mas em São Paulo a bola da vez é se posicionar a favor ou contra os USPianos que invadiram a reitoria. Pesquisem pela internet a parte jornalística da coisa, eu vou poupar vocês de informações irrelevantes.

Eu não fiz USP, pelo simples fato de não ter passado no vestibular. Só por isso. Talvez, se tivesse feito, a vida acadêmica me parecesse menos insuportável e eu tivesse terminado a faculdade de Direito. Talvez por ser tão disputado o ingresso, eu tivesse me obrigado a terminar e hoje seria mais uma advogada enfurecida, de tailleur bem cortado. Nunca saberemos.

Mas o caso é que eu respeito a USP e principalmente alunos e professores da USP. Em uma das reportagens a respeito apareceu no meio dos alunos manifestantes, que pedem que a PM saia do campus, um rapaz vestindo uma camiseta da GAP. GAP é uma loja comum nos Estados Unidos, que por lá não diria muita coisa sobre o aluno, mas que por aqui virou estopim para uma série de comentários idiotas. Instantaneamente, a turminha do "se hay movimiento soy contra", decretou: "o que alguém que usa GAP tem a dizer sobre o mundo?".

Protestar usando GAP não pode. Pode protestar de rímel e unha feita? Pode ir ao protesto de carro? Pode ir quem tem carteira assinada, plano de saúde e viagem de réveillon marcada? Pode protestar quem depila as axilas? Tô confusa. O que tira a legitimidade de uma pessoa que quer protestar? A causa? A camiseta? O saldo?”
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