Eberth Vêncio, Revista Bula
“Os Países Bálticos constituem uma região
do nordeste da Europa cujos países integrantes são a Estônia, a Letônia e a
Lituânia. Quem nasce na Estônia é estoniano; na Letônia, letoniano; na
Lituânia, lituano, eem Cachorro Sentado-Go, cachorro sentado (ou cadela sentada).
Não sou tão culto quanto se poderia
presumir. Pesquisei algumas fontes, inclusive o Seu Damásio, professor estadual
aposentado que carrega uma placa dependurada no seu sexagenário pescoço, em que
vai escrito “compra-se ouro”. “Tô ralando mais agora do que quando riscava a
lousa”, reclama o eterno professor.
O preâmbulo geográfico é pertinente. O
protesto contra a histórica desvalorização dos mestres, idem. Não desistam,
meus caros. Leiam.
Jotabê parece enxergar o mundo de
ponta-cabeça. É o que diz o povo quando uma pessoa escapole dos padrões do
“belo quadro social”. Mulheres diuturnamente expansivas, comunicativas e bem
humoradas são taxadas como vulgares, idiotas. Faltam-lhes parafusos na cabeça,
é o que dizem.
Outro exemplo de julgamento pelas
aparências (um dos nossos mais corriqueiros defeitos): se um homem aprecia
poesia, afirmam logo que é um tolo, sonhador ou efeminado (ou as três coisas
juntas). Antes que os gays mais engajados cortem os seus pulsos com
prestobarbas e me acusem de ser preconceituoso, garanto que não adjetivei com
propósito depreciativo. Nem pra tentar fazer graça. Não sou um Rafinha
Bastos.
Naqueles casos em que o sujeito prefere
vestir as mesmas roupas de sempre, aquelas com as quais se sente mais
confortável, rotulam-no brega, démodé, feio. E se ele trata o seu carro como se
ele fosse apenas um carro mesmo, ou seja, uma máquina sobre quatro rodas
concebida para conduzi-lo pelas loucas ruas da cidade, muitos o criticam
dizendo que precisa logo trocar “aquela lata velha”, aproveitar a redução do
ipeí do Governo, comprar um veículo zero quilômetro com trio elétrico, ar
condicionado, ér-bégui, trava nas portas e direção hidráulica. “Sofrer pra que,
rapá? A vida é curta...”, é o que muitos apregoam ao justificar tanta sede de
consumo.”
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