Rodolpho Motta Lima, Direto da Redação
“O vazamento de óleo na plataforma
fluminense permite algumas observações que merecem atenção. A Chevron é, na sua
especialidade, no mundo do petróleo, uma empresa grande, segundo dizem maior
que a nossa grande Petrobras. Mas essa gigante petrolífera americana (será ela
um dos orgulhos da iniciativa particular?), deu um show de incompetência no
episódio do vazamento. Mobilizando-se apenas depois de ter sido alertada pela
Petrobras, mostrou-se incapaz de identificar com precisão o local do desastre,
por falta de equipamento adequado. E foi a nossa estatal que emprestou à
empresa americana equipamentos mais modernos, capazes de possibilitar essa
identificação e de ensejar um atrasado plano de contenção. Retardando
procedimentos, a Chevron revelou-se pouco ágil diante do acidente e, com
informações incorretas e desencontradas, permitiu que se pusesse em dúvida
outros aspectos de sua gestão no campo administrativo e mesmo ético.
O artigo do Mair Pena Neto aqui no DR
(“Fora Chevron!”) é, a esse respeito, bem esclarecedor. E aqui vou além. Que me
desculpe o pessoal do neoliberalismo, mas o desastre põe a nu, uma vez
mais, a realidade que um pensamento falacioso teima em escamotear: não é
verdadeira a afirmação de que o empreendimento particular é, por definição, mais
eficiente que o estatal.
E é bom, mais uma vez, tomarmos cuidado
para não engolirmos gato por lebre. Ouvi na CBN uma incensada comentarista
política declarar que “salta aos olhos”, na ocorrência, a incompetência dos
órgãos reguladores (ou seja, vinculados ao Estado), aos quais faltaria uma ação
fiscalizadora mais eficaz. Claro que ela não deixou de criticar a
petrolífera americana, mas imediatamente me lembrei do caso da TAM, em que
certa mídia fez o possível para transferir para o âmbito do Estado brasileiro a
responsabilidade pela tragédia de então. Se você prestar atenção, verá que
todas as vezes que o empreendimento particular dá com os burros n’água, surge
uma acusação ao poder público. Cômodo, não? Os desavisados que ouvem
esses acusadores podem imaginar que eles defendem uma forte ação
controladora do Estado, mas as pessoas atentas percebem que esse controle
só é lembrado nas catástrofes...”
Artigo Completo, ::Aqui::
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