“O cineasta
baiano era movido pela utopia: é difícil imaginá-lo vivendo num mundo
colonizado pelo capital e dominado pelo consumo
Outras Palavras / Destaques
O pensador húngaro Karl Mannheim, criador da metodologia conhecida como “Sociologia do Conhecimento”, também se ocupou do tema e o seu livro Ideologia e Utopia, na década de 1950, teve ampla aceitação na Universidade brasileira, na época em que a Universidade discutia os rumos do país. Ali, de forma diferente de Engels, Mannheim via a Utopia como uma forma de ser, um comportamento, que estaria em incongruência com uma dada realidade.
Iríamos então nos referir como utópicas
aquelas orientações que, transcendendo a realidade, tendem a se transformar em
condutas a abalar, seja parcial ou totalmente, a ordem das coisas que
prevalecem no momento. Desta forma, ao limitar o conceito de “utopia” ao tipo
de orientação que transcende a realidade e que, ao mesmo tempo, rompe as
amarras da ordem existente, Mannheim passa a estabelecer uma distinção entre o
estado de espírito utópico e estado de espírito ideológico, pois este segundo
conceito se contrapõe ao anterior, dado que a ideologia se calca numa situação
onde o inconsciente coletivo de certos grupos obscurece a condição real da
sociedade, tanto para ele como para os demais, lutando para estabilizá-la. Os
grandes líderes, aqueles que fizeram a história, seriam então utópicos por
excelência.”
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