Elder Dias, Revista Bula
“Li algumas vezes, desde quando foi
escrito, há uns dois meses, o texto da notável Carolina Mendes sobre Deus. Resolvi
desenvolver uma espécie de réplica e encaminhar ao aceite da Revista Bula sobre
o tema, não para debater a existência ou não de Deus — algo, diga-se, bem
diferente do que discutir a existência ou não de vacas voando, mesmo para quem
não crê “at all”. Escrevo para afirmá-la, a existência.
Deus existe, sim. Por isso, aviso que este
texto vai ficar, além de óbvio, repetitivo. Parafraseando o velho hit
pós-Beatle do Paul, Deus vive e deixa morrer. Mas Deus não é só uma questão de
autoridade, de onipresença ou de onisciência. Antes de tudo, Deus é uma questão
discursiva. Poderia dizer que o Verbo se fez carne e habitou entre nós, mas,
para ser menos pseudoexegeta, vou dizer apenas que Deus é discurso.
No momento em que Carolina Mendes
falou em Deus, se ele não existisse, passaria a existir. Carolina o criaria
naquele momento. Nesse sentido, age o poder mágico da palavra: tudo de que se
fala, de que se tem notícia, passa a existir, material ou imaterialmente. O
verbo (ou Verbo) tudo cria. Nada pode existir, para o homem, sem o Verbo, em suas
mais variadas formas: falada, gestualizada, semiótica...
Ainda assim, Deus existe como existe uma
vaca alada? Não. Por quê? Simples: todos podem imaginar e ter certeza de como
seria uma vaca voando, mesmo que nunca tenham visto alguma cometendo tal façanha.
O mistério da imagem de Deus, claro, é mais complexo: a visualização mais
comum, no Ocidente, é aquela de um senhor de barbas brancas sentado em um
trono, em algum lugar lá em cima.”
Artigo Completo, ::Aqui::
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