Marcel Proust e o tempo reencontrado


Jardel Dias Cavalcanti, Revista Bula

“Com o romance Em Busca do Tempo Perdido (À la Recherche du Temps Perdu, no seu título original), Marcel Proust constrói, em sete volumes, um dos maiores monumentos literários do ocidente. No seu romance o autor perpassa, acima de tudo, a vida interior, as sensações, as paixões, sentimentos e emoções do narrador e demais personagens, todos implacavelmente analisados pelo escritor.

Um dos aspectos mais revolucionários na elaboração de Em Busca do Tempo Perdido é o uso que Proust faz da memória involuntária para a construção do seu romance.

Para Proust não existe forma de manter a constância do EU se não através da memória. Pois se o tempo destrói, com certeza a memória conserva. Para o escritor tudo está no pretérito, sendo reencontrado e salvo do aniquilamento pelas potências recriadoras da memória.

Os momentos mais intensos da vida passaram, desapareceram no passado. O romance proustiano quer nos dizer que esses momentos podem ser indestrutíveis se um incidente fortuito (um barulho, um perfume, uma melodia) reanimar esse passado.

Diz Proust em O Tempo Reencontrado: "Tal nome lido num livro de outrora contém entre suas sílabas o vento rápido e o sol brilhante que havia quando líamos. Na menor sensação produzida pelo mais simples alimento, pelo cheiro do café, reencontramos essa vaga experiência de um belo tempo que constantemente nos sorria quando o dia estava ainda intacto e pleno, na incerteza do céu matinal. Uma hora é um vazo cheio de perfumes, de sons, de momentos, de humores variados, de climas".

No seu livro Contre Saint Beuve, Proust afirma que as "impressões passadas" formam a "única matéria da sua arte". Diz ainda: "parte do meu livro é uma parte da minha vida de que me havia esquecido e que, de repente, reencontro ao comer um pouco de madaleine mergulhada no chá". Podemos assim ver Em Busca do Tempo Perdido como a reconstituição do passado pala memória involuntária.”
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