Menalton Braff, Revista Bula
“Há poucos dias fomos alvo de brincadeiras
nos jornais do mundo todo, principalmente nos espanhóis. E mexeram justamente
em nossa ferida, ou aquilo que a grande mídia elegeu como tal: o futebol. Numa
das manchetes publicadas em Barcelona, lia-se o belo trocadilho “Deuses e
Santos”.
Bem, o fato de o Santos Futebol Clube, ou
seja lá qual for seu nome completo, ter perdido para uma equipe espanhola,
teria sido digerido com a maior facilidade, não fôssemos o “país do
futebol”. A mídia, sobretudo a grande mídia, que em um de seus segmentos
vive à custa do esporte, cria uma expectativa, forjada à base da repetição
(técnica de Goebbels?), que muitas vezes não encontra base na
realidade.
Primeiro, nos convencem de que o Santos é o
Brasil. E não é. Depois vão formulando por vias indiretas o silogismo “Se o
Brasil é o melhor do mundo (a premissa maior já é uma falácia) e o Santos é o
Brasil (premissa menor é outra), (conclusão) o Santos é o melhor do mundo. Ora,
com duas premissas falsas eles criam a tal da expectativa que só pode redundar
na frustração dos torcedores, pois não acontece o que se espera.
Mas deixando a lógica menor de lado, o fato
é que perder para o Barcelona, como muita gente assinalou, não é desdouro
nenhum. Concordo. Mas perder de 4
a zero, bem, amigos, aí já é mais difícil de engolir a
pílula. Já me parece um caso de humilhação.
E não vamos cair na besteira de pensar no
Brasil de joelhos perante a Espanha. Calma lá. Isso é só o futebol. Se a
competição tivesse como objeto o analfabetismo, o desemprego, o desenvolvimento
das ciências, o nível da saúde pública e do desenvolvimento intelectual de seu
povo, sei lá, se fosse algo mais sério, então seria o caso de nos preocuparmos.”
Artigo Completo, ::Aqui::
Comentários