Louise Wimmer (França, 2011)


“Crônica de uma mulher de cinquenta anos, divorciada, que vive em seu carro, ignorada pelo governo e pela sociedade. Uma vítima exemplar da crise atual.  

Bruno Carmelo, Discurso – Imagens

Ovacionado no festival de Veneza, este pequeno filme é dirigido por um desconhecido, com atores desconhecidos e um orçamento mínimo. Ele é mais uma dessas crônicas sobre a crise que o cinema francês tem produzido às dezenas ultimamente, sempre com ótima reação da crítica e desprezo quase total do público. Sobretudo, seu tema diz respeito a um dos principais problemas sociais na França: a falta de moradia. A protagonista, Louise Wimmer, é uma mulher de quase cinquenta anos, divorciada e morando em seu carro depois de perder os bens para o ex-marido. Seu trabalho é precário, a relação com a filha, os amigos e os homens é igualmente escassa.

Como na imagem acima, este filme francês foca toda sua atenção em sua personagem principal. São raríssimas as imagens em que Louise não esteja presente, com o rosto inteiro preenchendo o quadro, e recebendo os golpes de uma sociedade que insiste que ela deve pagar impostos, deve estar contente por ter um pequeno emprego, e deve sobretudo agradecer por ter um carro onde ela pode dormir – alguns sequer têm isso. Mártir sem um pingo de autopiedade, Louise aceita esses insultos e desprezos com um olhar fechado, com uma cordialidade imposta: “Sim, senhor”, ou “Eu vou pagar”, ela responde.

O roteiro segue a estrutura típica do “filme de personagem”, colando-se aos dias desta mulher e esperando que algo se produza em sua precária e repetitiva rotina. Pois nada excepcional ocorre, sua situação não melhora, e mesmo o carro, símbolo do único bem que ela possui, começa a apresentar problemas. Até o rádio do carro emperra na mesma canção, “Sinnerman” de Nina Simone, que parece reconfortá-la no início, e irritá-la mais tarde.”
Artigo Completo, ::Aqui::

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