“O Cavalo
de Turim” foi louvado pela crítica, mas ignorado pelo público. Sobre o elitismo
como critério da percepção artística.
Bruno Carmelo, Discurso-Imagem / Outras
Palavras
Muito foi dito sobre este Cavalo de Turim, principalmente alguns elementos copiados e colados diretamente dos materiais de imprensa, e repetidos pela imprensa sem nenhuma reflexão. Falaram bastante sobre Nietzsche e o episódio do cavalo (o filósofo abraçou um cavalo maltratado antes de enlouquecer), mas exceto a referência lacônica do narrador no início, não há nada mais sobre esta história aqui – tratar o filme de “biografia do cavalo” é um tanto absurdo. Outros falaram que “Béla Tarr filma o fim do mundo”, outra frase repetida em todos os cantos e tão grandiloquente quando inexata. Tentar aproximar este filme de Melancolia e da Árvore da Vida pelo aspecto “apocalíptico” seria uma tentação pouco justificável.
Talvez estas aproximações e atalhos fáceis
venham do fato que este filme húngaro é uma surpresa difícil de catalogar, por
isso qualquer interpretação pronta parece bem-vinda. Os críticos franceses
preferiram as expressões adjetivas e pouco descritivas: “Este fim do mundo tem a aparência de um murmúrio”
(Excessif), ele “resiste a toda
perspectiva de transcendência” (Chronic’Art), uma experiência “única, sensorial, poética, enigmática,
inesquecível” (La
Croix), “Béla Tarr faz
um mundo diante dos nossos olhos” (Le Monde), “o cinema de Tarr não procede por rupturas, mas por
deslizamentos sucessivos” (Positif).”
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