“É preciso
lembrar que o famoso prêmio é uma auto-congratulação da indústria, um sintoma
contemporâneo do cinema comercial.
Bruno Carmelo, Discurso-Imagem
/ Outras Palavras
Estes dois pontos de vista são simplistas demais, ou melhor, eles não fazem sentido, por não partirem dos mesmos critérios. Reclamar que “tal filme não é tão bom assim” ou que outro era “bem melhor que o vencedor” são frases de efeito sem significação, a não ser que os valores do julgamento sejam explicitados e colocados em contexto – o que quase nunca ocorre. O filme X é bom para quê, ou para quem? Transformers pode ser um melhor filme do que A Separação se o critério em questão for a diversão, a bilheteria, enquanto a obra iraniana pode ser considerada melhor se o valor em jogo for a capacidade de refletir sobre a sociedade contemporânea.
Dizer que o Oscar não serve para nada é um aforismo dos mais fáceis a contradizer. Sim, o prêmio serve para muitas coisas: para lançar novas estrelas de cinema, para aumentar a bilheteria dos filmes vencedores, para estabelecer uma certa noção de gosto e de competência técnica e artística, para ditar algumas tendências de moda, para conquistar uma boa audiência na televisão, para enviar um símbolo que a indústria cinematográfica vai bem etc. A questão sobre a capacidade deste prêmio a determinar a qualidade de um filme já é outra história.
Isso porque não se pode esquecer que o
Oscar é uma premiação feita pela
indústria e para a indústria,
no intuito de recompensar seus melhores produtos. Não há nada vergonhoso nisso,
pelo contrário, é mais do que normal que cada premiação ou festival indique
seus valores particulares – até porque a noção de “bom filme” é vasta demais
para ser atribuída de maneira unívoca. O Oscar premia o desempenho do mercado,
enquanto o festival de Cannes premia uma forma muito específica do cinema de
autor, o festival de Berlim premia filmes “de arte” de cunho social e os MTV
Awards premiam a diversão do ponto de vista do espectador adolescente.”
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