Denise Rossi, Revista Bula
“Crer ou não crer eis a questão? Meu amigo,
até mesmo a descrença é uma forma de crença. Quando instalamos nossas bases em
terrenos instáveis como o da fé, estamos enveredando por um caminho muitas
vezes obscuro, que, em muitos casos, não tarda em flertar com o
fundamentalismo. Esteja ele voltado ao teísmo ou ao ateísmo.
Nasci em família espírita (não confundir
com as religiões afro-brasileiras). Aos 14 anos impliquei com minha mãe que
queria que eu fizesse primeira comunhão. E fiz. No catecismo, não concordava
com nada do que a professora dizia, mas não a aborrecia. Chegou o dia da
cerimônia e carreguei toda feliz a minha vela e confessei ao padre, muito
envergonhada, os meus pecados de moça pura. Eu queria ser aceita no meu grupo
social de maioria católica. Foi quando percebi que a religião era uma forma de
sociabilização.
Um pouco mais adiante, me converti ao
Universalismo Estelar. Uma religião que eu mesma inventei. Sou fundadora,
pastora e única fiel. Infelizmente, dileto leitor, mesmo que você se interesse
por essa religião, o único dogma que ela carrega é permanecer para sempre
individualizada em mim. Não
haverá outros fiéis que não eu mesma. A espiritualidade é algo muito
singular.
No Universalismo Estelar não há outra
compreensão do mundo que não o pensar e a lógica. Evidências empíricas são
muito bem vindas, mas nunca analisadas de forma derradeira. Há sempre mais a
aprender. Sentada em meu altar, envolta por livros, um dia me deparei com a
causalidade. A relação entre causa e efeito e tudo o que envolve a sua inteligibilidade.
Desde então, adotei certas posturas quanto às visões ateístas e teístas.
Deus, para o Universalismo Estelar, é a
causa primeira. Como o ônus da prova é de quem acusa, convido o leitor a pensar
comigo. Veja, se todo efeito possui uma causa, qual seria a causa do Universo?
Poderíamos responder “deus”. Muitos ateus perguntariam: “Mas qual a causa de
deus?”, para o que a resposta seria: todo efeito tem uma causa e não toda causa
tem uma causa. Partindo desse princípio, poderíamos vislumbrar uma série de
características para esse “deus”, tais como: atemporal, eterno, inteligente.
Quanto à questão da inteligência, como acreditar que todos os processos físicos
e químicos do universo, a complexidade dos corpos, seus pormenores funcionais,
a gravidade, os astros e tudo mais que nos circunda, foram todos decorrentes de
um acaso, ou da sorte? “Sorte” essa que faz do processo universal um exemplo de
sucesso há pelo menos 13,7 bilhões de anos. Seria preciso muita fé.”
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