Leonardo Boff, Adital
Estimo que a origem próxima (não vamos retroceder até o homo faberde dois milhões de anos atrás) se encontra no paradigma da modernidade que fragmentou o real e o transformou num objeto de ciência e num campo de intervenção técnica. Até então a humanidade se entendia normalmente com parte de um cosmos vivente e cheio de propósito, sentindo-se filho e filha da Mãe Terra. Agora ela foi transformada num armazém de recursos. As coisas e os seres humanos estão desconectados entre si, cada qual seguindo um curso próprio. Essa virada produziu uma concepção mecanicista e atomizada da realidade que está erodindo a continuidade de nossas experiências e a integridade de nosso psiqué coletiva.
A secularização de todas as esferas da vida
nos tirou o sentimento de pertença a um Todo maior. Estamos desenraizados e mergulhados
numa profunda solidão. O oposto à uma visão espiritual do mundo não é o
materialismo ou o ateísmo. É o desenraizamento e o sentimento de que estamos
sós no universo e perdidos, coisa que uma visão espiritual do mundo impedia. Esse
complexo de questões subjaz à atual crise. Precisamos, para sair dela,
reencantar o mundo e perceber a Matriz Relacional (Relational Matrix) em
erosão, que nos envolve a todos. Somos urgidos a compreender o significado do
projeto humano no interior de um universo em evolução/criação. As novas
ciências depois de Einstein, de Heisenberg/Bohr, de Prigogine e de Hawking nos
mostraram que todas as coisas se encontram interconectadas umas com as outras
de tal forma que formam um complexo Todo.”
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