A canção do Rei contra a ditadura


Urariano Mota, Direto da Redação

Há pouco, recebi um email que julgo melhor responder de modo público. Na mensagem, a pessoa, que pesquisei e desconfio ser real, pedia:

“Boa tarde, amigo!
Estou querendo fazer um projeto de pesquisa sobre a relação entre  Roberto Carlos e a Ditadura, mas as fontes estão difíceis.
Quero saber se pode me ajudar, me dizer quantas e quais as músicas do RC eram contra a DM.
E outras fontes, como sites e livros”.

Antes, esclareço que o pedido acima vai mais ao tema que ao colunista. Quero dizer, o leitor não vê neste aqui autoridade nenhuma para falar sobre Roberto Carlos, no que é sensato e justo. Apenas, pelas ondas do Google, ele pescou o texto “Roberto Carlos e a ditadura”, e lançou o grito “me ajude, tema”. Imagino que deve estar em dificuldade para algum trabalho de curso, num inferno de prazos e carências, e não quero ser  grosseiro em não lhe responder como posso. Então vamos.

Primeiro, leitor amigo, perca as esperanças de sucesso na trilha pedida, que ou está perdida ou é roubada. Você pode pesquisar à vontade, mas creia: não existe uma só música de Roberto Carlos contra a ditadura. Isso, uma só não há. Os fãs do rei, que são muitos e fanáticos  e sujeitos a algumas alucinações dizem que o rei possui uma, bela, terna, antológica, ecológica, pelo que cantam: Debaixo dos caracóis dos seus cabelos. Aquela dos versinhos “um dia a areia branca / Seus pés irão tocar / E vai molhar seus cabelos / A água azul do mar...”.

Já veem, é música de causar uma revolução, no estômago. Os muitos e muito fãs gritam, brigam que o Rei (pois assim se referem a RC), os ardorosos exegetas ensinam que Sua Majestade compôs debaixo dos caracóis para Caetano Veloso, que se encontrava exilado em Londres. E com isso o Rei teria contrariado a censura, brigado contra a ditadura, afrontado o general Médici, porque, afinal, “debaixo dos caracóis dos seus cabelos/ uma história pra contar de um mundo tão distante” era puro engajamento. Entendam, ver nessa cançãozinha boba algo contra a ditadura é mais arriscado que traduzir “me dá um xero” por give me a kiss.”
Artigo Completo, ::Aqui::

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