Rodolpho Motta Lima, Direto da Redação
“Não sei – e talvez nem interesse saber
–quem está certo ou errado nessa questão que envolveu o jogador Ronaldinho
“gaúcho” e o Flamengo. O que sei é que o episódio é emblemático, eu diria
metafórico, como, aliás, se prestam a ser quase todas as ocorrências no âmbito
do futebol, não por acaso uma marca nacional.
O assunto envolve a fácil mitificação de
ídolos, cuja perpetuação, ás vezes contrariando a realidade, é promovida por
interesses de todo gênero. Tais interesses passam pelo “marketing”
destinado a fazer a cabeça do cidadão (visto muito mais como um consumidor
francamente manipulável), trafegam pela necessidade de fatos
espetaculares a serem explorados à exaustão pela voracidade da mídia e,
no caso do futebol, enveredam pelo aproveitamento político que os
cartolas de sempre extraem da paixão dos torcedores e terminam pela velha
estratégia ideológica de amortecer consciências e revoltas com
processos de alienação. Em uma das incontáveis paródias da “Canção do Exílio”,
de Gonçalves Dias, alguém cunhou os versos: “Minha terra tem Palmeiras,
Coríntians, Santos e Vasco”...
Bem no espírito lúdico-irônico que as
paródias encerram, é fácil entender a crítica: somos mesmo, no duro no duro, o
país do futebol... E muitos dos vícios do futebol são os nossos vícios...
Não estão muito longe os poucos meses em
que a Diretoria do Flamengo promoveu um espetacular “oba oba” – repercutido e
ampliado pela mídia – que apresentava o jogador à massa
rubro-negra como um verdadeiro messias das quatro linhas, capaz de conduzir o
clube a todas as conquistas, a todos os sucessos, uma fonte permanente de
alegrias. Um produto mágico, amparado em um ambicioso projeto mercadológico
(que naufragou, aliás, no meio do percurso).
Como se não se vivesse em um mundo
globalizado – em que a grande aldeia global é visualizável por todos os ângulos
- , contratou-se a peso de ouro um jogador em marcante declínio na Europa,
acreditando que , no Brasil, seria o melhor de todos, ainda que com uma só das
pernas... E quem o contratou? O maior dos clubes de massa desse país,
paradoxalmente cheio de dívidas, dirigido por alguém com notória
atividade política e que talvez tenha enxergado (?) no episódio, além de
tudo, uma oportunidade promocional...”
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