O uniforme cinza-listrado


“Sei que era o que vestia aqueles pequeninos de intensa melanina que eram manipulados pelo gigante palhaço Emecê

Neuza Maria C. dos Santos, Brasil de Fato

Era cinza-listrado o uniforme que aquelas minúsculas marionetes usavam todos os enfadonhos dias. Será que era um pijama quente como o que a criança usa antes de dormir em seu quarto confortável, no décimo andar de um prédio no centro da cidade? Ou era daqueles que os presos usam na penitenciária, das histórias em quadrinhos?
Não sei, mas a uniformidade do cinza-listrado era a própria prisão daquelas almas sobreviventes da escória do cativeiro de outrora.

Carregavam nos ombros o peso do pijama listrado que o menino, sem saber o porquê, usou em dias cinzas, num outro lugar. Mas não sei se eram simples marcas perpendiculares ou eram as linhas escritas do jornal com que o mendigo cobria o corpo numa noite fria na antiga rodoviária. Sei que era o que vestia aqueles pequeninos de intensa melanina que eram manipulados pelo gigante palhaço Emecê.

Emecê era um palhaço com cara pintada e tudo. Mas não era daqueles que conseguem extrair risadas até da criança que está triste porque perdeu o brinquedo preferido. Era tão maquiavélico e egoísta que, junto com seus amigos, outros gigantes, usurparam o brilho lunar e os raios áureos do sol. Era enorme e possuía um reino infinito. Sua sobrevivência dependia do ato de controlar a maior quantidade de inocentes.

Ele atraía suas vítimas com promessas de que lhes daria uma poção mágica de crescimento imediato que rapidamente as deixaria do mesmo tamanho que ele e também lhes daria o mesmo poder.”
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