Menalton Braff, Revista Bula
“Já nem me lembro de meu primeiro celular. Faz
muito tempo. Lembro-me de ter resistido à primeira onda, invicto. Não me deixo
levar por modismos. Uma das cunhadas, algum tempo depois, chegou contando que,
na estrada, quebrou uma roda do carro. Meia hora mais tarde seu marido chegou
com um borracheiro, um macaco e uma roda nova com pneu novo. O que podia ter
demorado o dia todo, com todos os inconvenientes conhecidos de quem costuma
trafegar pelas rodovias, demorou cerca de quarenta e cinco minutos, pouco mais,
graças ao celular.
Mercê dessa história, eu, que passava
grande parte de meu tempo nas estradas, não tive mais dúvida: comprei meu
primeiro tijolão. Pois nem assim consegui quebrar uma roda do carro. Pra falar
a verdade, nem um simples furinho num pneu eu consegui nos tempos em que me
arriscava pelas estradas todos os dias.”
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