Ordem do dia: Direita, volver


Urariano Mota, Direto da Redação

Para quem acreditava que a ordem nos quartéis espelharia hoje a democracia do Brasil, para quem pensava que os crimes e torturas teriam ficado lá na ditadura, lugar onde não devem ser tocados ou lembrados, como insistem correntes militares, a notícia que dos jornais correu pela internet, há poucos dias, foi um choque além do pau de arara. Leiam com o sangue gelado, se puderem:

“Soldados do quartel do 1º Batalhão da Polícia do Exército, onde funcionava o Doi-Codi na ditadura militar, corriam ontem pela manhã na rua Barão de Mesquita, no Rio, cantando: ‘Bate, espanca , quebra os ossos. Bate até morrer’. O instrutor então perguntava: ‘E a cabeça?’. Os soldados respondiam: ‘Arranca a cabeça e joga no mar’. No final o instrutor perguntava: ‘E quem faz isso?’. E os soldados respondiam: ‘É o Esquadrão Caveira!’.”

Diante disso, dessa manifestação explícita de terror orientado, autoridades de farda acharam por bem tratar o caso em panos mornos, sob declarações de que um rigoroso inquérito viria, que tamanho absurdo era um fato isolado, que semelhante exibição não é seguido nem preconizado, etc. etc. E tudo parece que foi resolvido, e por resolução se entenda e imaginamos, por fruto da experiência vivida: subalternos são chamados entre quatro paredes para que não se mostrem assim em público, que se contenham, pois tal acinte é inconveniente agora, que há de ser discreto.

Em círculos democráticos, de históricos resistentes da ditadura, houve sugestões de se pensar um projeto de lei que obrigasse aos quartéis o ensino de respeito a Constituição brasileira, pois dessa maneira cânticos bárbaros como os acima seriam enquadrados como incitação a crimes de lesa-humanidade. Tudo bem, achamos a ideia do projeto de lei ótima, mas o respeito à Constituição poderia terminar por ser um respeito formal para a sala da mídia, enquanto entre muros a música da Constituição entraria por um ouvido e sairia pelo outro. Algo como os dez mandamentos para todo religioso, que os segue pro forma.”
Artigo Completo, ::AQUI::

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