Marcelo Colussi, Adital
Consumir, consumir, hiperconsumir, consumir mesmo que não seja necessário; gastar dinheiro; ir ao shopping... Tudo isso passou a ser a consigna do mundo moderno. Alguns –os habitantes dos países ricos do Norte e as camadas acomodadas dos do Sul- conseguem sem problemas. Outros, os menos afortunados –a grande maioria do planeta- não; porém, da mesma forma são compelidos a seguir os passos ditados pela tendência dominante: quem não consome está out; é um imbecil; sobra; não é viável. Mesmo correndo o risco de endividarem-se, todos têm que consumir. Como ousar contradizer as sacrossantas regras do mercado?
Poderíamos pensar que o exemplo das jovens acima apresentado é uma ficção literária –uma má ficção, por certo-; porém, não: é uma tragicômica verdade. O capitalismo industrial do século XX teve como resultado as chamadas sociedades de consumo onde, asseguradas as necessidades primárias, o acesso a banalidades supérfluas passou a ser o núcleo central de toda a economia. Desde a década dos 50, primeiro nos Estados Unidos, em seguida na Europa e no Japão, a prestação de serviços superou a produção de bens materiais. Supostamente, os bens massivos suntuários ou destinados não somente a garantir a subsistência física (recreação, compras não unitárias, mas por quantidades, mercadorias desnecessárias, porém impostas pela propaganda etc.) encabeçam a produção geral. Por que essa febre consumista?
Todos sabemos que a pobreza implica
carência, falta; se alguém tem muito é porque outro tem muito pouco, ou não
tem. Em uma sociedade mais justa, chamada socialismo, "ninguém morrerá
de fome porque ninguém morrerá de indigestão”, disse Eduardo Galeano. Não é
necessário um doutorado em economia política para chegar a entender essa
verdade. Porém, contrariamente ao que se poderia considerar como uma tendência
solidária espontânea entre os seres humanos, quem mais consome anseia, mais do
que tudo, continuar consumindo. A atitude das sociedades que têm seguido a
lógica do hiperconsumo não é de detê-lo, repartir tudo o que se produz com
equidade para favorecer aos despossuídos, deter o saqueio impiedoso dos
recursos naturais. Não, ao contrário, o consumismo traz mais consumismo. Um
cachorro de uma casa de classe média do Norte come uma média anual de carne
vermelha maior do que um habitante do Terceiro Mundo.”
Artigo Completo, ::AQUI::
Comentários