Rodolpho Motta Lima, Direto da Redação
“Os
“especialistas” em política que vicejam pela mídia tradicional, os mesmos que
andaram errando redondamente em suas previsões relativas às últimas eleições,
querem agora ditar suas “verdades” na análise dos resultados do pleito. É
risível perceber as contradições desses exames, os malabarísticos esforços que
fazem para levar os incautos receptores às conclusões que lhes
interessam, fieis aos “princípios” daqueles para os quais trabalham.
Se você se dedicar com
atenção à leitura dos “grandes jornais” (jornais grandes) do país, perceberá
claramente esse malabarismo. Para ficar em apenas um exemplo, a eleição de
Fernando Haddad para a prefeitura paulista tornou-se um campo fértil para
tendenciosas elucubrações. Justifica-se o resultado a partir da rejeição
do prefeito Kassab, do temor de futura renúncia do candidato Serra, da falta de
opções para o eleitor paulistano, da busca do novo, até do tempo chuvoso, e
rejeita-se o peso da influência de Lula no processo, argumentando que, em
outras cidades, o ex-presidente não conseguiu emplacar o seu candidato. Há aí,
toda uma falácia nos argumentos porque, ao analisar os resultados dessas outras
praças, os mesmos “especialistas” falam em derrotas de Lula... Então,
a conclusão a que nos querem levar é a seguinte: onde os candidatos de Lula
venceram foram a frustração política ou os ventos da renovação os responsáveis
pelos resultados, mas onde eles perderam foi uma significativa derrota do
Partido dos Trabalhadores...
Para encobrir a estrondosa
derrota de seu candidato na capital de São Paulo, que tem o maior colégio
eleitoral do país e o terceiro orçamento nacional , os órgãos midiáticos
hegemônicos enaltecem outras eleições municipais , pinçadas a dedo. E,
nitidamente, tentam alavancar o governador de Pernambuco, Eduardo
Campos, guindando-o à condição de grande nome político emergente,
como se ele já não estivesse no cenário político nacional nos últimos anos,
sempre de braços dados com o Lula e a Dilma, participando o seu partido (PSB)
como um dos mais constantes e efetivos componentes da chamada “base do
Governo”. A partir do crescimento do PSB, em termos quantitativos,
nas últimas eleições, a mídia conservadora já começa a cortejar o governador,
repercutindo de forma enfática sua aproximação com Aécio Neves, a atual cereja
do bolo tucano.
Uma das teses levantadas nessa análise
refere-se à renovação. O país estaria renovando seus quadros políticos,
oxigenando a política com novos nomes, em repúdio ao panorama tradicional. Aqui,
é preciso cuidado para tratar com o termo “renovação”. Caso se esteja
falando de pessoas, ela existe e é natural que exista, na política como
em todos os setores. O inexorável passar do tempo responde por ela. Mas importante
mesmo seria se essa renovação estivesse se dando no plano das ideias. Será que
está?”
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