Carlos Trigueiro, Revista Bula
“Saibam quantos lerem esta fáBULA ou dela notícias tiverem por
qualquer meio nacional ou estrangeiro, eletrônico, virtual, táctil, oral,
mecânico, sensitivo, caritativo ou eleitoreiro que em tempos pós-modernos há
objetos, geringonças, módulos, dispositivos, códigos de barra, tarjas,
chips, lentes, imagens e tatuagens que enxergam, espionam, filmam,
gravam, mapeiam e se comunicam sem limitações de meridiano, fuso horário,
idioma, emoções ou decência; e que o diálogo a seguir é de máxima boa-fé e
corresponde à conversa de duas tatuagens glúteas, aqui nomeadas Libélula e
Dragão, sendo as ditas cujas alocadas em usuários distintos conforme se verá:
Libélula — Finalmente o casal aí
dormiu de bruços. Estava sufocada nessa cama de motel. Prazer, sou
Libélula! E você é um Dragão! Mas por que foi tatuado no glúteo desse
marmanjo? Só vi dragões em espáduas, braços, ombros e peitoral dos clientes
dessa periguete aí que me usa, a Rosineide...
Dragão — Oi, Libélula, prazer! Fui
tatuado no glúteo do Mário Costa, esse marmanjo que dorme aí, por causa de uma
promessa que ele fez. Mário era um escritor nacional pobre, honesto e
infeliz até que topou com a Dalva, uma periguete emergente, num bar de Ipanema.
Desde então, há coisa de dois anos, aquele encontro mudou o destino dele. Hoje,
Mário Costa é um escritor rico, não exatamente feliz, mas, bem, promessa é
promessa...
Libélula — Valeu! Adoro histórias que
falam em promessas! E como já vi que sou uma tatuagem mais antiga do que você,
não precisa me dizer que nós, tatuagens, refletimos o que se passa no corpo e
na alma dos nossos usuários. Vamos lá, desembucha o resto da história.
Dragão
— Bem, o Mário Costa publicara catorze livros
nos últimos vinte anos, porém não vendia nada. Os livros ficavam encalhados nas
livrarias ou voltavam às editoras que os reduziam a papel picado para reciclagem.”
Artigo Completo, ::AQUI::
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