Mauro Santayana, Blog: MauroSantayana
“A ciência prolonga a vida dos homens; a
economia liberal recomenda que morram a tempo de salvar os orçamentos. O
Ministro das Finanças do Japão, Taso Aro, deu um conselho aos idosos: tratem
logo de morrer, a fim de resolver o problema da previdência social.
Este é um dos paradoxos da vida moderna. Estamos
vivendo mais, e, é claro, com menos saúde nos anos finais da existência. Mas,
nem por isso, temos que ser levados à morte. Para resolver esse e outros
desajustes da vida moderna, teríamos que partir para outra forma de sociedade,
e substituir a razão do “êxito” e da riqueza pela ética da solidariedade.
Ocorre que nem era necessário que esse
senhor Taso Aro – que, em outra ocasião, ofereceu o Japão como território
seguro para os judeus ricos do mundo inteiro – expusesse essa apologia da
morte. A civilização de nosso tempo, baseada no egoísmo, com a economia
servidora dos lucros e dos ricos, e, sobretudo, dos banqueiros, é, em si mesma,
suicida.
É claro que, ao convidar os velhos
japoneses a que morram, Aro não se refere aos milionários e multimilionários de
seu país. Esses dispensam, no dispendioso custeio de sua longevidade, os
recursos da Previdência Social e dos serviços oficiais de saúde de seu país. Todos
eles têm a sua velhice assegurada pelos infindáveis rendimentos de seu
patrimônio.
Os que devem morrer são os outros, os que
passaram a vida inteira trabalhando para o enriquecimento das grandes empresas
japonesas e multinacionais. Na mentalidade dos poderosos e dos políticos ao seu
serviço, os homens não passam de máquinas, que só devem ser mantidos enquanto
produzem, de acordo com os manuais de desempenho ótimo. Aso, em outra ocasião,
disse que os idosos são senis, e que devem, eles mesmos, de cuidar de sua
saúde.
Não podemos, no entanto, ver esse desatino
apenas no comportamento do ministro japonês, nem em alguns de seus colegas, que
têm espantado o mundo com declarações estapafúrdias. O nível intelectual e ético
dos dirigentes do mundo moderno vem decaindo velozmente nas últimas décadas. Não
há mistério nisso. Os verdadeiros donos do mundo sabem escolher seus serviçais
e coloca-los no comando dos estados nacionais.
São eles, que, mediante o Clube de Bielderbeg
e outros centros internacionais desse mesmo poder, decidem como estabelecer
suas feitorias em todos os continentes, promovendo a ascensão dos melhores
vassalos, aos quais premiam, não só com o governo, mas, também, com as sobras
de seu banquete, em que são servidos, além do caviar e do champanhe, o petróleo
e os minérios, as concessões ferroviárias e nos modernos e mais rendosos
negócios, como os das telecomunicações.
A civilização que conhecemos tem seus dias
contados, se não escapar desses cem tiranos que se revezam no domínio do mundo.”
Comentários