E Deus criou o pecado


José Geraldo Couto, CartaCapital

“Com seus olhos escuros em contraste com os fartos cabelos loiros, seu corpo curvilíneo e seu sorriso impudico, Brigitte Bardot foi, durante duas décadas, a encarnação mais perfeita da expressão “símbolo sexual”. A beleza ostensiva fez com que tudo acontecesse muito rápido. Filha de um empresário de Paris, estudou balé e começou cedo uma carreira de modelo, que aos 15 anos a levou às páginas da revista Elle. Aos 17 estreou no cinema em Le Trou Normand (Jean Boyer, 1952). Ao fim do mesmo ano, casou-se com Roger Vadim, o primeiro de seus quatro maridos.

Foi Vadim quem a transformou num mito da noite para o dia, ao escalá-la como estrela de E Deus Criou a Mulher (1956). O mundo todo foi nocauteado pela “fulgurante aparição de uma sensualidade juvenil e sem complexos”, segundo a definição do crítico Gérard Legrand.

Brigitte, desde então conhecida pela sigla BB, arrastava legiões de homens aos cinemas do mundo, pouco importando a qualidade dos filmes. Mesmo diretores de prestígio, como Robert Wise (Helena de Troia), Henri-Georges Clouzot (A Verdade) e Louis Malle (Vida Privada e Viva Maria!) serviram-se apenas de sua beleza e sensualidade. Godard até a fez parodiar sua condição de objeto sexual em O Desprezo (1963).

O talento limitado e o desejo de fugir dos ônus da fama levaram BB a se afastar do cinema antes dos 40 anos. Passou a militar em defesa dos animais e assumiu posições políticas reacionárias, denunciando o perigo da “infiltração islâmica”

na França e casando-se com um magnata de extrema-direita, Bernard d’Ormale. Aos 78 anos, vive isolada em sua casa no sul da França.

Brigitte Bardot. Sensualidade juvenil e fuga do cinema antes dos 40 

DVDs

E Deus Criou a Mulher (1956)

Em Saint-Tropez, a promíscua órfã Juliette (BB) vira a cabeça dos homens, entre eles os irmãos Michel (Jean-Louis Trintignant) e Antoine (Christian Marquand). Quando seus pais adotivos ameaçam interná-la num orfanato, Michel se dispõe a casar com ela. O filme que tornou Brigitte fenômeno mundial.

O Desprezo (1963)

No litoral grego, um célebre cineasta (Fritz Lang, no papel de si mesmo) filma uma adaptação da Odisseia, enfrentando a obtusidade do produtor americano (Jack Palance) e as hesitações do roteirista francês (Michel Piccoli). BB é a mulher frívola e volúvel do roteirista nessa cáustica reflexão de Godard sobre o cinema.

Shalako (1968)

Em 1880, no Novo México, um grupo de aristocratas europeus faz uma expedição de caça. A condessa Irina Lazaar (BB) é raptada por apaches e mantida como refém em sua aldeia. Quem a resgata é o caçador e pistoleiro Shalako (Sean Connery) nesse curioso faroeste de Edward Dmytryk que tem também Jack Hawkins e Stephen Boyd..”

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