Leila
Cordeiro, Direto da Redação
“Muitos
católicos ao serem perguntados sobre sua religião, respondem naturalmente:
-“Sou católico...não praticante”. Mas como é isso? Ou a pessoa reza numa
determinada cartilha religiosa ou não, acredita em alguma coisa ou
não. Não ser praticante de uma religião é como se não a tivesse.
Talvez isso explique o
número cada vez menor de católicos pelo mundo. A tal ponto que, na França,
estão hoje à venda 43 igrejas católicas, de acordo com pesquisas das
imobiliárias especializadas em vendas de templos. Segundo os corretores, isso
de deve não só à criise, mas também à falta de doações em consequência da
diminuição de fiéis.
De uns dez anos para cá, a
situação da igreja católica só tem se agravado. As milhares de denúncias de
pedofilia e abusos sexuais se sucedem numa velocidade assustadora, em total
contramão da fé que deveria reger a formação e a dignidade desses religiosos
que se aproveitam de sua condição “idolatrada” pelos paroquianos para fazer
valer seus mais torpes e degradantes impulsos.
E aí vem aquela pergunta que
não quer calar. Por que esses padres que aceitaram o celibato como dogma para
toda a vida em seus juramentos, simplesmente não deixam a batina ao
sentirem que estão se desviando do caminho proposto pela religião ou que a
tentação carnal começa a incomodar?
A resposta pode ser mais
dura e ferina do que se pode imaginar. Esses religiosos, que tanta
decepção e vergonha levam a seus superiores e colegas de fé que seguem os
mandamentos do celibato com diganidade, nada mais são do que pessoas com problemas
sérios e desvios de comportamento, como qualquer outro desequilibrado sem
batina, mas com a mesma maldade dos que se escondem atrás dela.
A renúncia do Papa foi,
sem dúvida, a gota d’água para que o copo transbordasse todo o
pecado existente em muitos confessionários e clausuras religiosas espalhados ao
redor do mundo. A máscara de uma instituição que precisa se renovar caiu. A
realidade é uma só. O planeta mudou, as regras hoje são diferentes, o que era
proibido virou politicamente correto e o que era politicamente correto, em
muitos casos, virou desnecessário.
Talvez o celibato esteja
entre eles. Não estaria na hora da igreja rever seus mandamentos rígidos para
um ser humano comum e mortal como qualquer outro? Sem querer desculpar os
transviados, mas defendendo aqueles que devem sentir seus desejos e terem
impulsos humanos, não seria conveniente liberar o casamento, pura e
simplesmente, entre duas pessoas que podem e têm o direito de amar e se
relacionar através também da carne?
Afinal, as evidências estão
aí. Por que insistir numa proibição carnal, quando milhares já mostraram que
esse mandamento termina desobedecido em nome do desejo incontrolável por sexo? E
aí está a prova de que tudo que é proibido ao extremo, sem equilíbrio, pode
causar sérios desvios de comportamento, como os relacionamentos condenáveis e
desprezíveis entre padres e fiéis, envolvendo covardia, abuso de poder e até
ameaças por parte dos religiosos que preferem manter sua aparência cristã ao
assumir que são, na verdade, mundanos e até criminosos. Isso tudo, sem
contar os casos que não vieram à tona talvez por conveniência da própria igreja
ou porque as vítimas têm medo de se expor.
O Papa se vai e deve estar
levando muitos segredos na alma e quem sabe até arrependimentos por não ter
tido a coragem de lutar contra os desvios de tantos, naquela que escolheu como
sua doutrina. Sua renúncia, até agora, não significou esperança para os milhões
de católicos que ainda crêem que há salvação para sua religião.
Que venha o próximo Papa, mais compreensivo
e principalmente com a cabeça voltada para as transformações do mundo,
incluindo em sua jornada uma cruzada em favor da abertura para o casamento de
padres e bispos, na tentativa de, ao fazê-los mais humanos, possam trilhar
verdadeiramente os caminhos da fé, do qual tantos se desviaram.”
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