Graça Taguti, Revista Bula
“De imediato, basorexia é um termo
que me lembra de uma palavra que eu ouvia vez por outra nos meus tempos de
infância em Madrid, onde nasci. “Basura”, que simplesmente em espanhol
significa lixo. Vamos combinar que a princípio, ao menos, basorexia não sugere
nenhum detrito, nada fétido ou escatológico por exagero. Pois estamos falando
do desejo, da compulsão mesmo irrefreável de beijar. Beijar muito. Beijar
enlouquecidamente. Beijar sem parar.
Antes de tudo, vamos decifrar a foto acima
cuja fama atravessa os tempos. Publicada na revista americana Life, foi tirada
por Alfred Eisenstaedt em 14 de agosto de 1945 na Times Square, em Nova York. A imagem
mostra um marinheiro beijando uma enfermeira em comemoração ao término da
Segunda Guerra Mundial.
Voltando à nossa conversa, agora de mãos
dadas com uma curiosidade minha: alguém dentre vocês sofre desta deliciosa
mania — que embora possa assumir tons neblinados, plúmbeos até, se quisermos
ser mais graves, de uma doença — pela falta de conveniência, de savoir faire
talvez, como sugeririam os franceses, é inegavelmente irresistível.
Primeiramente, ressaltemos, visando
inclusive à prospecção de controvérsias, que o beijo hoje — aquele caprichado,
malemolente, coleante e succional, feito aderência de caracol grudado em vidro,
ósculo explícito como os do peixe beijador, abrindo e fechando no aquário sua
despudorada e rósea boquinha — anda um tanto mofado, abandonado, esquecido nas
bocas viçosas. Anda ensimesmado e amarrotado, o pobrezinho do beijo.”
Artigo Completo, ::AQUI::
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