Leila Cordeiro, Direto da Redação
“Como alguém
normal pode representar um outro alguém tão anormal com tanta perfeição, como
faz Mateus Solano com Félix? E é essa capacidade única de passar para o
público uma outra personalidade que faz com que o ator seja grandioso em seu
trabalho. E Mateus Solano o é de sobra.
Digno de ser aplaudido em
cena aberta num teatro e de pé nos sofás de nossas casas frente à TV, Solano
nos remete a vida real com sua performance impecável, digna dos maiores atores
que já tivemos no Brasil.
Ele nos faz lamentar, gritar
e chorar de ódio pelos monstros verdadeiros que existem por aí que são capazes
sim, de jogar crianças no lixo, estuprar outras tantas, estrangular, matar e
até esquartejar, como vemos quase diariamente no Brasil e no exterior.
Mateus Solano com seu Félix,
também nos faz refletir o porquê de tanta violência pelo mundo. Seriam todos
psicopatas precisando de ajuda? De um tratamento médico que não encontram ou
não têm acesso ao demonstrarem comportamento errático desde cedo?
Quando se tem notícia do
padrasto que mata o menino Joaquim, o casal Nardoni preso por ter matado a
menina Isabela e tantos e tantos outros , a gente se pergunta quem é o
responsável por tudo isso? Na novela, Walcir Carrasco com sua sutileza e
sensibilidade aguçada nos obriga a ler nas entrelinhas da novela, o porquê
dessas vilanias, ao sugerir que Félix é apenas um reflexo do que recebeu. Teve
um pai que o rejeitou desde cedo por ser efeminado e sentiu na alma a dor da
rejeição.
E como um resfriado mal
curado, essas frustrações e sentimentos de rejeição vão se sucedendo até
que formam um vulcão em erupção que solta lavas poderosas e flamejantes,
atingindo quem estiver por perto, a tal ponto que ferem na alma, como uma
vingança de fogo.
Mateus Solano nos faz
chorar, sim, interpretando como um maestro da sinfonia dos sentimentos o texto
de Walcir. Vemo-nos num verdadeiro teatro da vida real, interpretado
magistralmente por quem deve ter algo de especial vindo de alguma inspiração do
Universo, pois nos remete às manchetes tristes e aterrorizantes do que acontece
no submundo da maldade humana.
A cena de Amor à Vida em que Félix é desmascarado
em frente à família por ter jogado a filha da própria irmã numa caçamba de lixo
mostra até onde pode ir um ser humano por causa de suas sombrias necessidades e
vaidades, até onde pode ir um ser humano que só pensa em si mesmo, que só visa
o lado material das coisas. Félix, na ficção, é aquele psicopata, com roupas de
butique, que se vê todos os dias acabando com a vida real das pessoas.
Solano, conseguiu atingir o
âmago do mais indiferente telespectador com sua interpretação da "vida
como ela é". Merece todos os prêmios com louvor e um outro, um cala a boca
em muita gente que diz que não vê novela “por ser uma perda de tempo". Essas
mesmas pessoas dizem que preferem ver canal a cabo, com séries enlatadas
americanas, ou os mais elitistas, enchem a boca quando vão ao teatro.
Respeito todas as escolhas. O seriado
americano, a peça de teatro... mas sugiro que essas mesmas pessoas revejam seus
preconceitos em relação às novelas dando uma olhadinha no trabalho de grandes
atores como Mateus Solano, fazendo jus a outros também da mesma categoria. Que
olhem com olhos de artistas o trabalho dessas pessoas que escolheram representar
a tragédia e a comédia humana de cada dia. Bravo!”
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