Mário Augusto Jakobskind, Direto da Redação
“Depois do
reconhecimento oficial do Estado brasileiro com a concessão de honras de chefe
de Estado, mais um passo importante foi dado, desta vez pelo Congresso, no
sentido de se reescrever a história. Por apenas dois votos contrários, os
parlamentares consideraram ilegal a sessão na madrugada de 2 de abril de 1964
que declarou vaga a Presidência da República, quando o presidente
constitucional ainda se encontrava em território nacional.
O Senador Auro Moura Andrade
deu então posse a Ranieri Mazzili, numa tentativa de legalizar o golpe
empresarial militar que levou o Brasil a uma longa noite escura. Queriam os
parlamentares apoiadores do golpe que com a medida ocorresse, como ocorreu,
primeiro por parte do governo dos Estados Unidos, o reconhecimento internacional
da quebra da ordem constitucional.
Como próxima etapa, algum
parlamentar, talvez os próprios Senadores Pedro Simon e Randolfe Rodrigues,
autores do projeto aprovado, deveriam apresentar a continuidade do mesmo. A
justificativa é cristalina: já que a sessão foi ilegal, o que aconteceu
posteriormente, ou seja, a posse dos generais de plantão, também foi ilegal.
Castelo Branco, Costa e
Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo usurparam o
poder e não podem ser considerados Presidentes, como os demais eleitos pelo
povo. Seus nomes devem ser excluídos, não só das galerias presidenciais,
colocados como ditadores, bem como das ruas e escolas em todo o país.
No caso das escolas, a
exclusão dos nomes deve ser explicada aos alunos.
Uma aula prática de história,
portanto. Não tem absolutamente sentido, por exemplo, que a Ponte Rio-Niterói
continue recebendo a denominação de Ponte Costa e Silva e assim sucessivamente.
Não tem sentido também os
generais de plantão pós 64 estarem ao lado de figuras históricas como Juscelino
Kubitshek, Getúlio Vargas, Jânio Qadros, João Goulart e os presidentes mais
atuais como Fernando Henrique Cardoso, Luis Inácio Lula da Silva, Fernando
Collor, Itamar Franco e Dilma Rousseff.
Todos eles, independente de juízo de
valores políticos, foram eleitos e não galgados ao cargo na marra e com um
Congresso atemorizado.
A sugestão, portanto, deve ser encaminhada para os mesmos parlamentares que voltaram pela ilegalidade da sessão de 1 de abril de 1964. Espera-se que entidades representativas da sociedade brasileira apoiem essa sugestão e pressionem os parlamentares no sentido de aprovarem a continuidade do que foi feito pelo Congresso agora.
Tornar a proposta um fato
concreto vai depender apenas da vontade política dos congressistas e também
será uma comprovação de que a anulação da sessão que declarou vaga a
Presidência da República pela maioria dos congressistas não foi apenas uma ação
simbólica.
Em termos práticos, de
alguma forma, vale repetir, representará a continudade de se reescrever a
história e mostrar, sobretudo às novas gerações que equívocos como o do golpe
de 64 não podem ser considerados normais.
Na área internacional, outro
fato histórico que deveria merecer maior aprofundamento por parte da mídia
independente é o que diz respeito às transformações ocorridas em vários países
na área das comunicações, especialmente as novas legislações dos meios de
comunicação em vigência na Argentina, Equador e Uruguai.
É preciso que a opinião
pública conheça em toda a plenitude o significado dessas novas legislações e os
motivos pelos quais o patronato do setor se volta tão furiosamente contra.
Como tema específico,
sugere-se que as mídias independentes existentes no Brasil informem sobre a
entrada no ar na Argentina de uma TV indígena e assim sucessivamnente.
Até porque, se as
informações dependerem apenas das mídias tradicionais, dificilmente os
brasileiros conhecerão essa realidade que resulta da vigência das novas
legislações dos meios de comunicação em países tão próximos do nosso.
Em Genebra, um acordo
histórico provisório, de seis meses, foi firmado entre o Irã e os cinco países
integrantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas mais a Alemanha.
Sem dúvida foi um passo
importante no sentido de distensionar uma das regiões mais problemáticas do
planeta. Nem bem o mundo conheceu maiores detalhes sobre o acordo, os governos
de Israel, a monarquia da Arábia Saudita e parlamentares do Partido
Republicano, lobistas do complexo industrial militar estadunidense, atacaram o que
foi conseguido em Genebra.
Pergunta-se, qual a moral
que tem um Estado possuidor de um vasto arsenal atômico, como Israel, para
atacar furiosamente um acordo como o de Genebra? Que história é essa de se
querer impedir que um país, no caso o Irã, possa desenvolver seu programa
nuclear para fins pacíficos?”
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