Por que somos seduzidos pelo virtual?

Wilson Roberto Vieira Ferreira, Cinegnose

“É a verdade... a digitalização da vida real. Você não vai só a uma festa. Vai a uma festa com uma câmera digital. E seus amigos revivem a festa on line.” Essa afirmação de Sean Parker (criador do Napster, interpretado no filme por Justin Timberlake), que aparece solta nas frenéticas linhas de diálogo no filme “A Rede Social” (The Social Network, 2010), é a síntese do “desejo de virtualidade”, essa motivação individual que sustenta todo o projeto tecnognóstico que domina a atual agenda tecnológica e científica. O desejo pela digitalização da vida seria a recorrência de uma milenar aspiração gnóstica pela transcendência da carne e a imortalidade da espécie. Mas essa aspiração por transcendência transforma-se em má consciência ao ser capturada por sistemas econômicos e políticos. Transforma-se em ideologia, como questiona o pesquisador canadense em ciência política, tecnologia e cultura Arthur Kroker.
 
Como viemos desenvolvendo em postagens recentes (veja links abaixo), esse projeto tecnognóstico consiste numa confluência entre ciências cognitivas, neurociências, Inteligência Artificial e ciências computacionais com a seguinte agenda tecnocientífica: criar modelos de simulação do funcionamento do cérebro, entender natureza da consciência e estabelecer as bases para o surgimento da interface final da história da tecnologia, a conexão direta entre cérebro e máquina, biológico/eletrônico, rede neuronal/rede digital.

Esta agenda ampla somente pode ser possível através de um gigantesco projeto de engajamento coletivo, o que chamo de “Cartografias e Topografias da Mente”. Acompanhamos na Internet o crescimento de instrumentos de mapeamentos ou representações cartográficas de nossos pensamentos, hábitos, relacionamentos e escolhas por meio de sites de redes sociais, softwares e projetos pessoais que buscam elaborar verdadeiras “geografias interiores”. Há um esforço e incentivo deliberado para que todos os usuários, espontaneamente, disponibilizem seus dados pessoais ou apresentem, por conta própria, seus mapas mentais e geografias pessoais. Temos uma série de exemplos como o “Inner Geographies Project”, o “Lifestream” ou o “Life-Tracking”.
Artigo Completo, ::AQUI::

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