"Jornalista Mario Sergio Conti, que dirigiu Veja e hoje é colunista de Folha e Globo, além de apresentador de um programa da Globonews, tenta se explicar sobre a maior barriga jornalística dos últimos tempos, quando publicou uma entrevista de um sósia de Luiz Felipe Scolari, como se ele fosse o treinador; "Pensei que era realmente o Scolari, achei todas as respostas dele sensatas", disse; o sósia Vladimir Palomo, que faz imitações e participa até do Zorra Total, disse que o jornalista deveria saber diferenciar uma brincadeira do que é sério; "Você acha que o Felipão ia ficar andando sozinho em dia de Copa?", questiona; Conti teve sorte; foi perdoado por Folha e Globo que devem mantê-lo como colunista; atitude bem diferente da que o próprio Conti teria se um de seus repórteres fizesse algo parecido
Brasil 247
Um dos jornalistas mais poderosos do Brasil, durante a década de 90, quando dirigiu a revista Veja, Mario Sergio Conti, atualmente apresentador de um programa na Globonews e colunista dos jornais Folha de S. Paulo e Globo, virou piada dentro e fora do País (leia mais aqui). O motivo: Conti publicou uma falsa entrevista com um sósia de Felipão, chamado Vladimir Palomo, como se ele fosse o treinador, nos sites da Folha e do Globo.
Conti saiu da Editora Abril logo depois de publicar o
livro Notícias do Planalto, sobre a relação entre jornalistas e o
governo Collor. Nele, insinuou que dois profissionais da casa – José
Roberto Guzzo, que hoje faz parte do conselho editorial, e Augusto
Nunes, atualmente colunista de Veja – teriam ligações promíscuas com
suas fontes, envolvendo vantagens pessoais. Com o livro, sua presença na
Abril se tornou insustentável.
Depois disso, Conti passou por vários lugares, inclusive
pela bancada do Roda Viva, na TV Cultura, até chegar aos atuais postos
na Folha, no Globo e na Globonews. Os dois primeiros empregadores – os
jornais das famílias Frias e Marinho – perdoaram seu erro. Certamente,
uma atitude distinta da que Conti tomaria caso um de seus repórteres
conseguisse emplacar com um sósia de alguém nos anos 90. Seria demitido
por justa causa, sem choro nem vela.
Ontem, depois da "barriga" – jargão usado para as
trapalhadas jornalísticas – do ano, Conti tentou se explicar, mas não
teve alternativa, a não ser pedir desculpas. Leia sua entrevista à Zero
Hora:
Zero Hora — Foi uma brincadeira ou o senhor realmente confundiu o sósia de Felipão com o próprio técnico?
Mário Sergio Conti
— Pensei realmente que era o Scolari. Nunca estive com Felipão. Sequer
vi entrevistas dele na televisão; só nas partidas, ao lado do campo.
Achei todas as respostas dele sensatas.
ZH —
Vocês conversaram sobre Neymar, empate com o México, aeroportos, vaias a
Dilma... Quanto tempo durou essa conversa? Em nenhum momento, o senhor
desconfiou?
Conti —
Cerca de meia hora. O tempo do voo do Rio a São Paulo. Não desconfiei em
nenhum momento que não fosse ele. Lera em algum lugar que a seleção
estava de folga.
ZH — O
texto publicado pelo O Globo (que foi atualizado quase 30 min depois da
publicação) termina com a história do cartão de visitas do sósia. Essa
informação constava na primeira versão ou foi acrescentada depois?
Conti — A
informação constava do texto enviado originalmente. Nada foi alterado
nele. Quando perguntei se toparia ser entrevistado na televisão, ele
disse que sim, mas que estava muito ocupado naqueles dias. Aí me deu o
cartão e rimos. Imaginei que era uma piada dele: entreviste esse sósia
meu...
ZH — O que o senhor tem a dizer aos seus leitores?
Conti — Perdão pela confusão. Felizmente, ela não prejudica ninguém. Não afetará a Bolsa, a Copa ou as eleições.
O jornal gaúcho também entrevistou Vladimir
Palomo, sósia de Felipão, que diz que Conti deveria saber que aquilo era
uma brincadeira. Leia abaixo:
Zero Hora — Foi o senhor que deu uma entrevista ao colunista Mario Sergio Conti?
Palomo —
Sim, estávamos dentro do avião, sentei ao lado dele. Foi uma conversa
com um pessoa comum, como eu converso com você. Cinco a dez minutinhos
no voo, só isso. E outra coisa: nem sabia que ele era jornalista. Só na
hora de ir embora, eu perguntei quem ele era, e ele disse que era
repórter.
ZH — O senhor entregou um cartão para ele?
Palomo — Entreguei um cartão onde diz que eu faço eventos como sósia do Felipão. Eu sou aquele rapaz que trabalha no Zorra Total.
ZH — O senhor acha que ele se confundiu ou que ele sabia que se tratava de um sósia?
Palomo — Provavelmente ele deveria saber. Tinha um monte de gente tirando foto com o sósia do Felipão e com o sósia do Neymar.
ZH — Foi uma brincadeira ou ele estava levando o senhor a sério?
Palomo —
Eu acho que foi uma brincadeira o tempo inteiro. Ou então ele se
confundiu. Você acha que o Felipão ia ficar andando sozinho em um avião
no dia da Copa?
ZH —
Entramos em contato com o Mario Sergio Conti e ele afirma que se
confundiu mesmo. O senhor acha que a sua imitação está tão boa assim?
Palomo — Eu não imito, sou eu mesmo. Não imito nada."
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