O novo Twitter e as notícias que não vamos ler

Balde de gelo: na rede de Mark Zuckerberg, banho de celebridades foram mais noticiadas que protestos em Ferguson
"Quando redes sociais se tornam o principal meio divulgador de notícias, critérios editoriais dão lugar a algoritmos que decidem o que você lê e não lê, e baldes de gelo tomam o lugar do jornalismo 

Clarice Cardoso, CartaCapital

Uma mudança no modo como o Twitter apresenta os textos nele publicados pode transformar o serviço em algo totalmente diferente do que estamos acostumados. Em vez de trazer uma timeline em ordem cronológica invertida, a rede social pensa em criar formas de destacar certos conteúdos a partir de um algoritmo similar ao usado pelo Facebook. Não se trata apenas de um layout diferente ou de novas formas de interação: trata-se de selecionar aquilo que você vê -- e o que não vê. 

Se isso afeta o modo como você interage com seus amigos, há um outro efeito colateral que é preciso ser debatido e ponderado: o acesso à informação. Dado o papel crescente que têm assumido como difusores de notícias, os algoritmos usados pelas redes sociais para destacar o que é “relevante” para você podem substituir os critérios editoriais na divulgação de notícias. E isso não é exatamente bom.

Um dos sintomas se manifestou no dia 20 de agosto. Em sua conta pessoal, o CEO do Twitter, Dick Costolo, anunciou que a rede social “estava ativamente suspendendo usuários que publicassem imagens ofensivas”. A questão, aqui, é o tipo de “conteúdo ofensivo” ao qual ele se referia: a notícia da execução do jornalista James Foley pelo grupo jihadista Estado Islâmico em um tuíte do New York Times.

Mesmo que a postagem original do jornal ainda esteja lá, o posicionamento representa a primeira vez, desde sua criação, em que o Twitter assumiu publicamente que promove julgamentos editoriais. Não se sabe ainda quantas publicações e denúncias de pessoas físicas foram deletadas por conta dessa política.

  dick costolo @dickc
We have been and are actively suspending accounts as we discover them related to this graphic imagery. Thank you https://twitter.com/nytimes/status/501862926039654400 

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