por Euler de França Belém, Revista Bula -
Filha de um ex-cinegrafista de Hitler e amante de Leni Riefenstahl, a alemã Monika Ertl assassinou Roberto Quintanilla Pereira na AlemanhaO jornalista americano Jon Lee Anderson escreveu um livro alentado sobre o revolucionário que, ao lado de Fidel Castro, foi um dos principais líderes da Revolução Cubana de 1959. “Che Guevara — Uma Biografia” (Objetiva, 920 páginas, tradução de M. H. C. Côrtes) é uma autêntica “bíblia” sobre o guerrilheiro argentino. A edição, de 1997, não contém ao menos uma menção à alemã Monika Ertl. Mas sua vida é fascinante, tanto que o cineasta greco-francês Costa-Gravas, de 85 anos, planejou filmar sua vida, com Romy Schneider como atriz principal. Autor do livro “La Mujer Que Vengó al Che Guevara — La Historia de Monika Ertl” (Capital Intelectual, 293 páginas, tradução de Florencia Martin), o jornalista alemão Jürgen Schreiber sugere que, para fazer Roberto (“Toto”) Quintanilla Pereira, o ator ideal seria o francês Alain Delon. (A obra não tem tradução brasileira.)
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La Mujer Que Vengó al Che Guevara — La Historia de Monika Ertl (Capital Intelectual, 293 páginas, tradução de Florencia Martin) |
Nascida em Munique, em 1937, Monika Ertl era filha do cineasta, escritor, jornalista e alpinista Hans Ertl, que trabalhou com a diretora de cinema Leni Riefenstahl — foram amantes — e chegou a ser cinegrafista do nazista Adolf Hitler (filmou seu encontro com Benito Mussolini, o fascista italiano) e andou com Erwin Rommel pelo Norte da África. Em 1953, julgando-se desprestigiado na Alemanha, mudou-se com a família — a mulher, Aurelia, e três filhas, Monika, Beatrix e Heide — para a Bolívia. Em La Paz, tornou-se amigo de Klaus Barbie, o “carniceiro de Lyon”. Tanto ela quanto o pai parecem personagens de ficção — quiçá de Graham Greene, John le Carré e, até, de García Márquez.
Na Bolívia, Hans Ertl, com o apoio de Monika Ertl, fez filmes, mas acabou isolando-se na sua fazenda, La Dolorida. Monika Ertl casou-se com Hans, um engenheiro rico, mas não era feliz. Quando Hans perguntou-lhe: “Quer ser minha mulher?” Já rebelde, a jovem redarguiu: “Preferia ser sua amante”. Havia sido professora no Instituto Goethe de La Paz e era leitora do escritor alemão Hermann Hesse, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1946.
Ao fazer trabalho social com crianças, na Bolívia, e depois de circular na Alemanha com estudantes de extrema esquerda, Monika Ertl começou a se interessar pelas ideias de Ernesto Che Guevara — que havia sido morto, em 9 de outubro de 1967, pelo governo boliviano. Ela apreciava as ideias da Teologia da Libertação.
Doutrinada por integrantes do Ejército de Liberación Nacional (ELN), de linhagem guevarista, Monika Ertl se aproximou de Guido “Inti” (“Sol” em quéchua) Peredo, que havia lutado com Che Guevara (era um dos cinco sobreviventes do “exército” cubano-boliviano). Era um dos favoritos do líder guerrilheiro. Adotou o nome de “Imilla” (significa “menina indígena”).
Apaixonada por Inti Peredo, tornou-se uma guerrilheira exemplar (entrou para o ELN em 1969). Disse aos companheiros que não temia cair “como um soldado” e “estava disposta a morrer pela causa” comunista.
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